Passados vários meses a testar e a fotografar com esta Nikkor eis que chega a altura de opinar sobre a mesma.
Em 2008/2009 o prémio de melhor objectiva profissional do ano, atribuído pela EISA coube a duas Nikkor, a saber, a
Nikon Nikkor 14-24mm G ED-IF AF-S e a 24-70mm G ED-IF AF-S. A primeira já foi alvo de testes e opinião há uns tempos atrás. Agora cabe a vez à 24-70mm.
Todo este artigo de opinião acerca da mesma é feito tendo em consideração alguns aspectos, no que concerne à evolução tecnológica e estética, comuns à aludida 14-24mm e ao mesmo tempo, em comparação, com a objectiva que este modelo veio substituir: a
Nikkor 28-70mm ED-IF AF-S.
Desde logo, e tal como acontece com as outras objectivas acima referidas, esta é uma objectiva construída a pensar no formato FX (24x36mm). Algo que não testei, pois a opinião é, mais uma vez, baseada no formato DX (16x24mm).
Feitas estas considerações vamos ao que interessa...
Manuseamento:
O tamanho e o diâmetro desta objectiva diferem substancialmente da 28-70mm. Sendo um pouco mais comprida é, todavia, mais pequena em diâmetro. A sensação que temos é que estamos perante uma objectiva “mais próxima” das objectivas de gama “consumer” sendo por isso um pouco mais discreta que o anterior modelo.
Conhecendo uma e outra, esta é a primeira impressão que se fica somente ao olhar para a mesma. Porém mal a começamos a manejar rapidamente ficamos bem impressionados e percebemos o porquê de ser considerada uma objectiva “profissional”.
De igual modo à “irmã” 14-24mm o funcionamento é suave e preciso e a sua construção é excelente! Este é um dos aspectos em que difere da 28-70mm que tem uma aparência mais robusta mas tem um funcionamento menos suave e menos preciso.
Com uma
Nikon D200 equipada com punho vertical o equilíbrio, apesar de bom, pareceu-me um pouco pior do que com a 28-70mm. Porém, existe a vantagem, por um lado, de ao empunhar a mesma não se correr tanto o risco de tocar inadvertidamente no anel de focagem aquando da aquisição da foto em AF desfocando deste modo – algo que acontecia com mais frequência no anterior modelo. Em contrapartida, essa diferença na localização do anel de focagem, faz com que, quando se trabalha em foco manual, seja um pouco mais difícil utiliza-lo porquanto, a meu ver, a posição ideal seria um pouco mais próxima do corpo da câmara.
O sistema de motorização
AF-S (SWM) parece-me, tal como o da 14-24mm, ser de uma nova geração, pois é notoriamente mais rápido, preciso e silencioso! O facto da Nikon ter diminuído o diâmetro da objectiva faz também transparecer isso. Dá-me a ideia que existe uma nova geração de motores que ocupam menos espaço e bem mais eficazes.
Sendo já um preciosismo, e talvez não, pois faz parte da comodidade e conforto no uso não deixo, no entanto, de referir que o parasol da 24-70mm (HB-40) encaixa/desencaixa com muito maior facilidade no corpo da objectiva do que o da 28-70 (HB-19). Tem inclusive um pequeno botão que acciona uma mola de maneira a tornar mais fácil retirá-lo da objectiva.
O diâmetro e desenho desta objectiva tornam-na menos confortável, no que concerne ao seu transporte, quando comparada com o anterior modelo, designadamente quando “andamos” com a câmara/objectiva na mão segurando o conjunto somente pela objectiva.
Construção:
Tal como já o era o anterior modelo, esta 24-70 continua a ser robusta e pesada. As 900g que adicionamos à câmara ao "montar" esta objectiva fazem-se de imediato sentir!
Esta passa a ser outra das poucas objectiva que possuí que são da
série G, uma vez que não tem anel de aberturas.
A utilização do vedante em borracha com vista a isolar ou diminui a entrada de poeiras entre a câmara e a objectiva pela zona do encaixe da baioneta continua a ser uma presença neste nível de objectivas destinadas a um uso mais intensivo e “despreocupado”.
Como já foi referido os anéis de focagem e de distâncias focais têm um funcionamento muito suave e preciso.
A frente da objectiva bem assim como o seu corpo é de construção metálica (embora a sensação seja de menor espessura e resistência que a 28-70).
O botão selector AM/M para uma instantânea transição de foco A(F) (foco automático) para M (foco manual) ou optar unicamente pelo modo manual M é agora um pouco mais pequeno e também mais difícil de accionar. Com a câmara na posição de captar fotos (estando a olhar pelo visor) esta comutação é um pouco difícil de efectuar face à “dureza”, ao pequeno tamanho e á força necessária para fazer deslocar o botão de posição, obrigando a mudar a câmara para uma posição mais cómoda para o efeito.
Em utilização:
Um dos aspectos importantes a ter em conta quando adquirimos uma objectiva é saber até que ponto, além proporcionar imagens definidas, ela é precisa em termos de auto-focagem.
Na realidade, nos dias de hoje, com toda a tecnologia usada na construção de objectivas designadamente quanto aos sistemas de focagem, não faria qualquer sentido comprar uma equipada com sistema AF-S e que o mesmo não fosse fiável.
Pois é, mas mesmo nesta gama de objectivas, também existem diferenças e no caso concreto da objectiva em causa neste teste fiquei positivamente surpreendido pelos poucos erros que verifiquei. A anterior 28-70mm apesar de bastante precisa em termos de AF fica um pouco aquém da “nova” 24-70mm. De facto, esta objectiva é extremamente agradável de usar no que concerne á focagem. Aliado ao facto de uma focagem surpreendentemente rápida e silenciosa, como acima já referi, não existe aquilo a que vulgarmente se denomina de “lens hunting”. Traduzindo esta expressão, ou melhor ainda o seu significado, não existe nesta objectiva aquele “procurar” de aquisição de foco que percorre toda a extensão de focagem desde o seu mínimo até ao infinito e regresso até consegui “encontar” o objecto que pretendemos focar. Ou seja, dificilmente a objectiva, depois de focado um objecto, lhe perde o “rasto” e vagueia por todas as distâncias até o encontrar de novo.
(acerca deste aspecto “tirei a prova dos nove” aquando do
Coimbra Airshow 2009 em que fiz algumas experiências, em situações limite, e os resultados comparativamente à outra objectiva que tinha na altura comigo, uma
Nikkor 80-400mm f/4.5-5.6 VR ED-IF AF-D, foram surpreendentes! Claro que ambas as objectivas não são sequer comparáveis mas o que senti foi que, mesmo em focagem contra-luz e a “seguir” objectos, no caso aviões em condições adversas, a 24-70mm supera a focagem da 80-400mm mesmo quando em situações ideais! – comparação feita a 70mm e a 80mm, respectivamente, entre as duas objectivas)
A distorção de imagem, caso se use uma câmara de formato DX é um assunto para esquecer pois pelo menos pela simples visualização de imagens (sem o rigor dos testes de laboratório) desde os 24mm aos 70mm não é relevante. Quanto à sua utilização com o formato para o qual foi especificamente construída, ou seja o FX (full format), nada posso referir porquanto não testei… isso fica para quando vier por aí uma D700 ou D3…!
Algo que me custa um pouco a compreender é porque é que a Nikon continua a não dotar estas objectivas zoom de distâncias “normais” com o seu sistema de redução de vibrações denominado VR. Curiosamente outros modelos inferiores, como por exemplo a Nikkor 18-200mm VR possuem-no! Não posso crer que seja por uma questão de não confiança na durabilidade do mesmo pois também os modelos “pro” bem mais caros, de igual modo, o têm! Veja-se a Nikkor 600mm f/4 G ED VR!
Quanto a este aspecto, se no caso da 14-24mm achei que este efectivamente era desnecessário naquela objectiva (que, diga-se, também não o possui) já nesta 24-70mm o mesmo poderia ser uma mais valia.
Tamanho:
Como já referido, as dimensões desta 24-70mm variam um pouco da sua antecessora. Um dos aspectos que considero digno de nota é o facto de, contráriamente à Nikkor 28-70mm que achei ser uma objectiva pouco discreta face ao seu grande diâmetro, esta 24-70mm, por sua vez, ser estreita apesar de bastante comprida (para objectiva zoom “normal”). Em baixo, embora as fotografias não estejam proporcionais (erro meu, erro meu… que me esqueci desse pormenor…), dá para perceber as diferenças de tamanho à medida que variam as distâncias focais. O seu comprimento máximo atinge-se quando a objectiva é usada na distância focal de 24mm.
Com parasol montado, o seu tamanho mantêm-se inalterado a todas as distâncias focais…
Qualidade óptica:
Pode parecer um pouco estranho mas a objectiva que usei para comparar e testar a qualidade óptica desta recente Nikkor 24-70mm AF-S, foi um a”velhinha”
Nikkor 50mm f/1.4 AI a qual considero uma referência! Mais abaixo poderão encontrar o link a esse teste.
Cor - comparativamente à 28-70mm a diferença que noto em relação à qualidade de imagem não tem tanto a ver com a definição (pese embora também quanto a este aspecto haver melhorias) mas sim com a coloração. A “nova” 24-70mm transmite umas cores mais profundas e intensas (um pouco á semelhança da Nikkor 50mm AI).
Bokeh - muito suave e agradável. O seu melhor nível atinge-se a 70mm f/2.8 nos limites mínimos de focagem em que é quase comparável à teleobjectiva
Nikkor 80-200mm f/2.8 ED AF a 200mm!! Certamente que para se obter este tipo de desfoque contribuem as nove lâminas redondas do diafragma.
Flare - é algo com que praticamente não temos de nos preocupar com esta objectiva. Este é um dos aspectos que a Nikon soube melhorar em relação à antecessora Nikkor 28-70mm! Não digo que não exista, uma vez que só a testei em formato “DX” mas, neste formato, mesmo em situações criticas, o controle de reflexos foi muito bom (na realidade, até agora, ainda não o observei de modo evidenciado em nenhuma fotografia!)
Recorte - Quanto ao recorte, esta objectiva é absolutamente fantástica!
Raramente aparece uma objectiva que me surpreenda, quanto à qualidade da imagem. Esta foi uma das que me fez dizer “wow”…isto sim é “melão de Almeirim”!
A qualidade de imagem, na verdade, está num nível acima de muitas outras objectivas da Nikkor, mesmo de gama designada de “pro”. A plena abertura máxima (f/2.8) é extraordinária… e por aí fora….
Efeito das 3 lentes ED, das 3 AS (aspherical lens) e da tecnologia “Nano-cristal coating”??? Também, mas não só! De facto toda a qualidade de construção empregue no fabrico desta objectiva contribui para isso. A inexistência de folgas nos anéis de focagem e de selecção de distância focal, a precisão do foco, a solidez do seu interior (claro que não a desmontei para verificar, mas basta “abanar” e verificar a relação tamanho/peso para facilmente concluir que o seu interior é metálico) …
Geralmente falo mais do que não gosto do que daquilo que gosto, por isso, quanto a este aspecto não vale a penas falar mais. Gostei!
O que menos gostei (alguns pormenores…):
- Estética: demasiado fina e comprida (esteticamente, e gostos são gostos…., continuo a achar o anterior modelo (28-70mm) mais apelativa e com aspecto mais robusto e “pro”.
- Ergonomia: Como penso que já ter referido, esta objectiva não é ergonómica sob o ponto de vista de transporte “à mão” quando com o parasol encaixado de forma invertida no corpo da objectiva (o parasol fica bastante afastado e estamos continuamente à procura do sítio “certo” para a segurar. Isto, claro, que no caso de não segurarmos o conjunto pela correia ou somente pelo corpo da câmara)
- Uso com parasol: Claro que o parasol se destina ao uso em exteriores… mas caso façamos uma passagem do exterior para o interior (ou zona mal iluminada) onde se active o iluminador de focagem (exceptuando as câmaras Nikon D1,D2 e D3 que não o possuem) o parasol tem mesmo de ser retirado pois obstrui parcialmente a passagem proveniente do iluminador auxiliar de fogagem da câmara impedindo, deste modo, a correcta focagem do motivo.
Em suma:
Depois de tudo o que acima foi dito resta-me dizer que gosto mais das fotografias que saem desta objectiva que da objectiva em si. Mas é precisamente para isso que ela serve, não?
Ponderando tudo o que foi dito e comparativamente a outras objectivas Nikkor “normal zoom” (gama de distâncias focais normais) tento-me a dizer que esta, até ao momento, é a melhor objectiva alguma vez construída pela Nikon que usei! A precisão de exposição foi, sem dúvida, melhorada em relação ao anterior modelo. Agora podemos confiar na medição efectuada “through the lens” (TTL)!!! Na realidade o controle de exposição que permite é mesmo muito bom. A necessidade de recurso amiúdo às compensações de exposição finalmente acabaram! Estou a “bater um pouco o pé” neste assunto mas esta foi uma das substanciais melhorias que mais apreciei e que fez com que sentisse que (além do facto de ganhar um pouco mais de ângulo de imagem em ralação à 28-70mm) valeu a pena a mudança. Os histogramas assim o confirmam!
Alternativas a esta objectiva zoom (neste nível)? Não conheço! O único senão? Tal como no caso da Nikkor 14-24mm, o preço!
Qualidade Óptica
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Qualidade de Construção
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★★★★★
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Versatilidade
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★★★★☆
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Manuseamento
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★★★★★
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Valor
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★★★★★
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