Fotografia de produto (II)


Nikon D2x + Nikkor 60mm f/2.8 Micro AF-D
(f/36, 0,6 seg., ISO 100, Auto WB, Medição Matricial)


Hoje, volto a falar num tema já, em tempos, abordado neste espaço... A fotografia de produto.
Por vezes precisamos de fotografar um qualquer objecto de maneira a realçá-lo ou destacá-lo. Pois bem, para o conseguir precisamos que toda a nossa atenção seja direccionada para esse concreto objecto. Existem várias formas de o fazer. "Jogando", por exemplo, com as diferença cromáticas entre os demais elementos que compõem a imagem; pela inexistência de outros elementos; ou somente destacando o objecto de maneira a isolá-lo por completo do cenário de fundo.

Da primeira vez que toquei neste assunto, expliquei uma técnica de fotografar um determinado objecto praticamente sem luz fazendo com que o jogo de sombras/luz transmitisse algum impacto à fotografia. Agora, faço o contrário... As fotografias deste artigo foram captadas durante o dia, num espaço interior mas com boa iluminação natural (contudo sem uma exposição directa à luz solar) e com recurso ao flash como complemento de iluminação. Na realidade, fazer este tipo de fotografia é relativamente simples e não constitui grande desafio... Algum sentido e gosto estético são aquilo que precisamos e pouco mais...
Foto ao lado: Nikon D2x + Nikkor 60mm f/2.8 Micro AF-D + Nikon SB-900 [f/36, 14 seg., ISO 100, Auto WB, Medição Matricial, flash reflectido a 180º (-0,3 EV)]
No caso das fotografias em causa foi usado o imprescindível Tripé, um cabo disparador, a Nikon D2x, a Micro 60mm e o SB-900 mas qualquer outra SLR-D dará "conta do recado". Obviamente que os resultados, em termos de recorte/definição estarão, entre outros factores, dependentes  e poderão ser influenciados pela qualidade da objectiva usada. Contudo, referindo-me ao caso em concreto e a este tipo de fotografia, até com uma objectiva de menor qualidade óptica se podem obter bons resultados. A explicação para isso reside nos largos tempos de exposição e nas pequenas aberturas usadas!

*  Passo a explicar (sumariamente através dumas meras dicas) como fazer este tipo de fotografia  

 1º Passo: A captura  
  • Primeiro que tudo, começamos por escolher uma base, da cor que pretendemos, que sirva para colocar o objecto a fotografar. Para pequenos objectos, uma simples cartolina de tamanho A3 servirá perfeitamente. Deve prestar-se atenção a que o fundo escolhido (cartolina, tecido, etc.) sirva, simultaneamente, de base e de fundo. Dependendo da cor que escolhermos e da incidência da luz no local teremos de ter em atenção ao reflexos emanados por esse fundo/base que serão repercutidos no objecto. Esta é uma das situações em que aconselho vivamente a fotografar em RAW. Dessa forma, em posterior edição facilmente corrigimos a temperatura de cor muitas vezes alterada pelos reflexos do fundo que escolhemos... por esse motivo, fotografar com fundos de cor preta facilita um pouco as coisas...
  • Por falar em "fundo preto", lembrei-me agora que essa cor é, por outro lado, responsável por alguns erros de leitura do fotómetro da câmara (designadamente se estivermos a usar medição matricial)... O fotómetro tenderá a expor correctamente o fundo negro e a sobreexpor o objecto! Vai daí, uma "olhadela" ao histograma após as capturas, de modo a saber quais as devidas compensações de exposição a fazer,  não sejam nada má ideia... Como estamos numa daquelas situações em que podemos calmamente fotografar e ir revendo (designadamente no PC) os resultados, nada disto é complicado após alguma habituação. 
  • Depois, claro que escusado será dizer, face à baixas velocidades de obturação usadas a fim de obter mais profundidade de campo, o uso do Tripé, como no início referi, é absolutamente imprescindível!
  • Caso haja um cabo disparador à mão é favor usá-lo...
  • Ainda no seguimento do que acima disse... "baixas velocidades de obturação", como os tempos de exposição são grandes convém não esquecer de tapar o óculo do visor durante a exposição. Este é um dos pequenos "truques" para que a exposição seja correcta e as fotografias não fiquem com falta de contraste... Caso não se "tape" o visor, durante a exposição, enquanto o espelho está levantado, a luz entrará também por aí adicionando-se à que entre pela objectiva! Mas, adiante...
  • Caso se trate de macrofotografia (em casos de grandes aproximações ao objecto) para "ganhar" mais alguma profundidade de campo convém focar de maneira a aproveitar toda a distância hiperfocal;
  • A medição de luz que uso, regra geral, para estes pequenos objectos, é a matricial. De qualquer modo, cada captura é revista logo de seguida e efectuadas as devidas compensações de exposição (quer da câmara quer da intensidade do flash) atendendo ao que acima ficou, também sobre esta aspecto, já dito;
  • Por falar em flash, embora não seja essencial e possa ser perfeitamente prescindido, casos há em que como complemento final contribui para uma maior homogeneidade da iluminação e ganhos em termos de contraste...
  • Pessoalmente, quando recorro à utilização do flash, uso-o na função de sincronismo à cortina traseira e sempre de maneira reflectida. O mais comum são os 180º (contra um tecto branco) mas pode fazer-se, uma outra combinação, por exemplo, lateral, caso nos interesse incidir e realçar algum dos lados mais especificamente.
  • Por ultimo, onde fotografar? Muito boa gente certamente tenderá a procurar o local mais iluminado possível, designadamente com incidência directa do sol... Este é um dos erros comuns... Mais luminosidade não significa obrigatoriamente mais qualidade de luz! Dessa forma, além de facilmente se criarem sombras duras, só teremos mais problemas em lidar com os contrastes de luminosidade do objecto e com os reflexos! Um dia de chuva ou encoberto, perto duma janela, com cortinados fechados de modo a difundir de maneira homogénea a luz são as condições ideais! Pessoalmente são estas condições que procuro e em que "trabalho". A maior parte das fotografias que publico neste espaço (de equipamento) foram captadas nessa circunstância.
 2º Passo: A Edição  
  • Hoje em dia, completamente desassociável à captura e mais ainda no caso de fotografia de produto está a posterior edição. Acerca deste aspecto não vou entrar em grandes explicações pois o processo varia de caso para caso... Posso, sim, dizer que além dos acertos de níveis (cor, contraste, brilho, etc...) serão necessários por vezes outros, como foi no caso da fotografia do topo em que, com o Photoshop CS4 foi removido o fundo existente (inicialmente de cor preta - cartolina) através da ferramenta "Magic Wand Tool" e substituído pelo verde/acinzentado que achei realçar de maneira mais eficaz e conveniente os tons dourados do velho relógio. Mas sobre edição associada a fotografia de produto ou publicitária muito haveria certamente para descobrir e falar...
  • Por fim, caso pretendamos, vem a moldura... algumas dicas de como fazer uma, de maneira bem simples, podem ser vistas aqui (abre em novo link).

1 comentários:

Murilo disse...

Os toks esclarecedores.
O relogio uma reliquia.
Arigatou.