Teleconversores (Teleconverters/Extenders) – Vantagens / Desvantagens


Nikon TC 200 / TC 300















Os teleconversores (TC’s) são “objectivas” secundárias destinadas a acoplar entre a objectiva primária e o corpo da câmara sendo um método, mais ou menos, económico de aumentar a distância focal de uma determinada objectiva. Digo, mais ou menos, porque os de melhor qualidade óptica podem, inclusivamente, custar mais que algumas objectivas.
Quanto ao aumento que podem proporcionar os mais usuais são de 1,4x; 1,7x; 2x. Querem estes números dizer que quando acoplados a uma objectiva de certa distância focal multiplicam o seu valor, ou melhor, a sua distância focal por 1,4x, 1,7x, etc. Uma objectiva com um TC 1.4x passa a ter 40% mais da sua distância focal original e um TC de 2x dará a qualquer objectiva que lhe acoplarmos 100% de aumento do seu valor!

Claro que isto é de extrema utilidade e, à partida, poderia parecer uma solução mágica para, com um TC 2x ”tornar” uma objectiva de 300mm numa 600mm!

Bom, na realidade até o conseguimos, mas falta saber com que prejuízo. Ou seja, nem tudo são vantagens. Ao duplicar a distância focal duma objectiva através da montagem dum teleconversor (2x) diminuímos a quantidade de luz que passa pelas ópticas até chegar ao sensor (ou filme) em 2 f/stops. No caso de um TC 1,4x a diminuição é de unicamente 1 f/stop e no caso de um TC de 1,7x é de 1,5 f/stop. Por isso, quanto maior for o factor de multiplicação menos luz passará e, consequentemente, menor velocidade de obturação podemos esperar. Por exemplo, no caso de um Teleconversor de 2x ser aplicado numa objectiva 300mm f/2.8 a mesma passará a ser efectivamente uma 600mm mas como abertura máxima passaremos a ter o valor de f/5.6, mantendo-se a mesma distância mínima de foco.

Passando aos prós e contras:
Uso de Teleconversores
A favor:
Contra:
Aumento de distância focal
X

Luminosidade

X
Velocidade de obturação

X
Custo
X

Peso
X

Distância mínima de foco
X

Velocidade de aquisição de foco

X
Eventual perda de certas funções (AF, VR,…)

X
Qualidade de imagem

X


Convém ter ainda em conta que os TC’s, regra geral, não podem ser indiscriminadamente montados em quaisquer objectivas. Alguns, independentemente de serem da mesma marca da objectiva “primária” são específicos para determinadas objectivas não podendo ser acoplados a outras.
É o caso, por exemplo do TC 300 (lado direito da imagem do topo) que face à proeminência das lentes do lado da montagem com a objectiva primária pode danificar a mesma e o próprio TC. Ou seja, é um TC específico para objectivas Nikkor de distância focal de 300mm ou superior como o caso da Nikkor 300mm f/2.8 AI-S; 400mm f/2.8 AI-S e 500mm f/4 AI-P.

Ao lado uma Nikkor 300mm f/2.8 AI-S com 2 TC’s Nikon acoplados (os da imagem do topo)
Curiosamente os TC’s da Nikon quando acoplados a objectivas da mesma marca, salvo algumas excepções no que concerne a objectivas com motorização interna (AF-S e AF-I), limitam as suas funções.

Por exemplo uma Nikkor 400mm f/2.8G ED VR funcionará mantendo a sua motorização (AF) com os TC’s TC-20E II e TC-14E II. Por outro lado, podem ainda ser montados os TC’s 14B ou até o TC 200 mas, neste caso, já se perde a funcionalidade de Auto-foco e redução de vibrações.

Quanto às objectivas Nikkor sem motorização própria a coisa é um pouco pior… De facto, além daqueles que, oficialmente, a Nikon aconselha para serem usados com cada modelo especifico de objectiva existem outros que também o podem ser mas perdem-se em ambos os casos funcionalidades tais como sistemas de redução de vibrações (VR) e Auto-focus (AF). Estou a lembrar-me da Nikkor 80-400mm f/4-5.6 VR ED cuja focagem (AF) é efectuada através do motor da própria câmara e não através de motorização existente na objectiva. Neste caso o TC compatível é o TC 14A, que não tem contactos eléctricos, perdendo-se, por isso, quer o AF quer o sistema VR. Também, os TC 200/201 podem ser usados nesta objectiva com a igual e consequente perda dos sistemas já referidos.

Mas, se quisermos um Teleconversor que funcione com a Nikkor 80-400mm e que mantenha ambas as funcionalidades acima referidas teremos que recorrer a um TC duma outra marca: O Kenko Pro 300 1.4x TC! Embora a focagem se torne um pouco mais lenta (do que já o é, mesmo sem o TC!) e a aquisição de foco seja um pouco mais imprecisa, funciona! Graças à existência de contactos eléctricos (CPU) a informação entre a câmara e a objectiva primária tornam-se possíveis.

Claro que também é possível adicionar mais que um teleconversor a uma objectiva mas teremos que continuar a contabilizar a enorme perda de luz e de velocidade. Além destes dois GRANDES inconvenientes passa a existir um outro: A dificuldade de focagem! De qualquer modo isso não é impossível e em certos casos permitirá obter interessantes imagens como a fotografia da lua (sem crop’s) que em tempos publiquei neste blogue.

Outra interessante e possível aplicação dos TC’s pelo incremento de ampliação que permitem é na Macrofotografia. Entre outros métodos, esta é uma das hipóteses mais económica de conseguir uma maior ampliação da imagem sem aumentar a distância mínima de focagem em relação ao objecto a fotografar!


Os teleconversores Nikon (última actualização - 2014/06/15):


MODELO
FACTOR DE AMPLIAÇÃO / TIPO
REDUÇÃO DE LUZ
FOCO
TC-1
2X - p/objectivas não-AI até 200mm
2 f/stop
MF
TC-2
2X – p/objectivas não-AI 300mm ou superiores
2 f/stop
MF
TC-14
1.4X – p/objectivas AI 300mm ou superiores
1 f/stop
MF
TC-14A
1.4X – p/objectivas AI-S até 200mm
1 f/stop
MF
TC-14B
1.4X – p/objectivas AI-S 300mm ou superiores
1 f/stop
MF
TC-14E
1.4X – p/objectivas AF 300mm ou superiores
1 f/stop
AF-I/AF-S
TC-800
1.25X – p/utilização exclusiva com a objectiva  
            800mm f/5.6E FL ED VR (mantém o
            sistema VR)
1 f/stop
AF-S
TC-14E II
1.4X – p/objectivas desde os 70mm até 600mm
            (mantém o sistema VR)
1 f/stop
AF-I/AF-S
TC-14E III
1.4X – p/objectivas desde os 70mm até 600mm
            (mantém o sistema VR)
1 f/stop
AF-I/AF-S
TC-16
1.6X – p/objectivas 80-200mm com F3AF
1,3 f/stop
AF
TC-16A
1.6X – p/objectivas 80-200mm com F501; 801;
            F4 e F90 (O TC-16A não permite a  
            conexão a outro TC)
1,3 f/stop
AF
TC-17E II
1.7X – p/objectivas desde os 70mm até 600mm
            (só mantém o AF em objectivas de
            abertura Máx. de f/2.8)
1,5 f/stop
AF-I/AF-S
TC-20E
2.0X – p/objectivas AF 300mm ou superiores
2 f/stop
AF-I/AF-S
TC-20E II
2.0X – p/objectivas desde os 70mm até 600mm
           (só mantém o AF em objectivas de
           abertura Máx. de f/2.8)
2 f/stop
AF-I/AF-S
TC-20E III
2.0X – p/objectivas desde os 70mm até 800mm
            (só mantém o AF em objectivas de
            abertura Máx. de f/2.8)
2 f/stop
AF-I/AF-S
TC-200
2.0X – p/objectivas AI até 200mm
2 f/stop
MF
TC-201
2.0X – p/objectivas AI-S até 200mm
2 f/stop
MF
TC-300
2.0X – p/objectivas AI 300mm ou superiores
2 f/stop
MF
TC-301
2.0X – p/objectivas AI-S 300mm ou superiores
2 f/stop
MF

A verde:
os modelos actualmente produzidos/em venda
A bege: Os modelos capazes de manter o sistema AF (AF ou AF-I/AF-S – dependendo das objectivas e das câmaras)

Atenção:
A tabela que antecede é meramente indicativa e genérica. Antes de acoplar qualquer teleconversor a uma objectiva deve ser verificada a sua compatibilidade no caso específico de acordo com o respectivo manual de utilizador! Claro que há combinações TC’s/Objectivas que, oficialmente, não são reconhecidos pela Nikon como possíveis e funcionam mas, caso não tenha a certeza, o melhor mesmo é tentar verificar antes pois, caso sejam montados indevidamente, pode haver estragos!

Aspectos a ter em conta quando usamos um Teleconversor:
  • Devem ser montados em objectivas luminosas e com boa qualidade óptica. Caso contrário, quer em utilização, quer os resultados obtidos, não serão satisfatórios
  • Uma vez que aumentamos a distância focal da objectiva “primária” o uso do tripé torna-se aconselhável
  • A fim de conseguir compensar um pouco a menor luminosidade e a consequente perda de velocidade de obturação deve explorar-se um pouco a possibilidade de trabalhar com valores ISO mais elevados
  • A fim de conseguir compensar um pouco a diminuição do contraste, aberrações cromáticas ou reflexos das fotografias é aconselhável o tratamento das mesmas, caso seja necessário, em pós-produção
Para ter uma ideia das diferenças do aumento proporcionado pela adição de Teleconversores a várias objectivas veja este teste:
Para saber como configurar câmaras Nikon (D200, D2 e posteriores) para trabalhar com objectivas e teleconversores sem CPU veja:

11 comentários:

Shivanand disse...

Olá! Muitos parabéns pelo seu blog.
Gostava de lhe colocar uma questão.
Tenho uma lente 80-200 2.8 AF ED mas a versão antiga. Que só permite os TC-200 e TC-201.
O que lhe gostaria de perguntar é se vale a pena comprar um teleconversor de outra marca mas com AF ou devo optar pelo TC-201 da nikon.
Um terá o AF e o outro em pricipio melhor qualidade de imagem mas sem AF. Será a qualidade de imagem entre um e outro significativamente diferente?
(teleconversor Jessop DG 2x C-AF)Obrigado!

José Loureiro disse...

Olá Ecchumati,
Antes de mais, as minhas desculpas pela demora na resposta mas não tenho, de facto, tido muito tempo disponível…
O TC-201 é exactamente o mesmo que o TC-200 somente permite a indexação automática… não é relevante para o seu caso e, tal como o TC-200, o TC-201 NÃO possui também quaisquer contactos eléctricos.
Portanto, se não se importar de focar manualmente e a sua câmara permitir a introdução da máxima abertura e da distância focal da objectiva que lhe acoplar (dados de objectiva sem CPU), tanto lhe faz comprar o TC-200 como o TC-201.
No caso de pretender um TC com CPU e que mantenha o AF terá de optar por um doutra marca que não a Nikon. Parece-me que o Kenko PRO 300 DG 1.4 .
Combinando a 80-200mm f/2.8 com o TC de 1,4 x ficará com uma distância focal máxima de 420mm a f/4. Uns valores muito razoáveis…
Pessoalmente o único inconveniente que vejo nesta combinação é a “lentidão” que irá sentir na focagem e na aquisição de foco…
Por último, quanto ao conversor Jessops não o posso elucidar devidamente pois não conheço (por experiência) o modelo que refere.

chemistry disse...

José Loureiro, sabe informar-me com que conversor? eu posso interligar uma sony nex 7 mount E com um telescópio com a medida de local para a ocular de 1.25".
Onde posso procurar ca em PT ?

José Loureiro disse...

Tente falar com o Nuno Rodrigues da “Sítio do Cano Amarelo”. Pennso que ele poderá ajudar na questão e eventualmente ter para venda o possivel adaptador.

Unknown disse...

José Loureiro...
Tenho uma Nikon D7100 e uma lente 18-300mm da Nikon e gostaria de adquirir uma teleconversor; pergunto:
1) uso um Nikon ou posso usar de outra marca (Sigma)?
2)Custo X Benefício.
3) Qual (is) modelo (s)?
3) Posso usar o tele conversor para fazer o inverso, ou seja MACRO?
Grato.

José Loureiro disse...

Caro Robson
Respondendo de forma muito sucinta às suas questões:
1) Pessoalmente só aconselho a utilização de teleconversores com objectivas rápidas. Por norma, de distância focal fixa. Os motivos estão explanados no texto do artigo. Portanto, sabendo das limitações a marca a comprar dependerá também do valor que pretende gastar...
2) Custo/benefício... Bom, continuo a achar que os teleconversores são caros demais para utilizar com teleobjectivas lentas...
3) Modelo? Com encaixe Nikon e que permita compatibilidade... ver na lista. Poderá “perder” ou ver restringidas algumas funcionalidades com objectivas de abertura “lenta” (ex. f/5.6 ou superior) – também explicado no texto - item “Vantagens/desvantagens”.
4) Não, os teleconversores servem para incrementar a distância focal das objectivas. Para a função utilizam-se, por sua vez, tubos de extensão que servem para diminuir a distância mínima de focagem. Ou seja, a distância ao objecto Pode esclarecer aqui as suas duvidas acerca dos tubos de extensão.

José disse...

Boa noite José Loureiro

A foto que fez da lua foi a s=1/15, f/45. Não poderia ter um F/11 ou f/16, por exemplo, para poder ter uma velocidade maior?
Se assim for, o problemas de perder 2 f/stops com o teleconversor não parece ser relevante ou problemático, pelo menos para esta foto.

Tenho uma Sigma 50-500mm F4,5-6,3 APO DG HSM para Nikon (D7100.
Qual o teleconversor 2X que recomendaria?

Obrigado

José Loureiro disse...

Caro José Cândido
Neste caso, a velocidade de obturação mais, ou menos lenta, não constituíram fator determinante, uma vez que estava a ser utilizado tripé, espelho levantado, cabo disparador...
A razão de fechar o diafragma uns f/stops mais que a abertura máxima serve apenas para ganhar algum recorte.
Em relação à “perda” de f/stops isso é, sim, importante. Não neste caso concreto de fotografia à Lua, mas sim em todas as situações em que não disponha de tantas condições e de tempo para preparar a foto.
Por outro lado, a fotografar a 1200mm de distância focal, é indiferente a velocidade de obturação ser 1/15, 1/125 ou até 1/640 seg.. O uso de tripé será sempre obrigatório.
Em relação ao TC para utilizar na sua Sigma, embora não seja “adepto” da utilização de TCs´ com objetivas zoom de abertura lenta, poderá ver os Kenko ou os Sigma mas deverá estar consciente das limitações que isso implica.

José disse...

Obrigado José Loureiro pelo rápido esclarecimento.

As limitações a que se refere são relacionados apenas com a perde de luminosidade ou existem outros, tais como a falta de contactos eléctricos para, por exemplo, a focagem automática?

Obrigado

José Loureiro disse...

Depende de caso para caso.
A perda de luz é geral mas (mesmo com TC's que possuam contatos elétricos) podem também ocorrer dificuldades na aquisição (ou lentidão) da focagem automática e perda eventual perda do sistema de estabilização.

José disse...

Obrigado José Loureiro,

Continuação de bom trabalho