Coimbra Airshow 2009 - 1100 fotografias de aviões numa tarde!


Nikon D200 + Nikkor 80-400mm f/4.5-5.6 VR ED-IF AF-D
(@ 400mm; ISO 200; f/6.3; 1/1250 Seg.)


Realizou-se no passado fim-de-semana (11/12 de Julho), no Aeródromo Municipal Bissaya Barreto, o Coimbra Airshow 2009.
O evento, organizado pelo aeroclube de Coimbra, contou com a presença de variados aviões e pilotos, nomeadamente os Asas de Portugal, o espanhol Ramón Alonso e os Smoke Wings entre outros.
Durante o show, no solo, puderam ser observados (pelos mais atrevidos, ao contrário do que era solicitado, tocados) os aviões que lá se encontravam parados antes e depois de cada demonstração.

Por vezes, quem já só vê o produto acabado, neste caso as fotografias de aviões, desconhece o “trabalho”, no meu caso “prazer” que está subjacente à sua realização. Assim, e especialmente dirigido aqueles mais curiosos em saber pormenores, deixo hoje aqui um pequeno texto narrativo/descritivo de como é um dia passado a fotografar aviões num evento deste tipo e, já agora, alguns pormenores técnicos. Para aqueles que prescindam do texto ficam as fotos….!!!

Desta vez, fui “aos aviões” de avião.
Combinado previamente com o amigo Pedro, o qual atempadamente marcou o voo e tratou das necessárias autorizações de aterragem e descolagem, no domingo passado lá fomos ver o Coimbra Airshow no pequeno Cessna 152 II que se encontra em Aveiro.
No dia anterior, mais concretamente no sábado à noite, decidi “arranjar” o saco com o material que iria necessitar.
Para o dia seguinte iria levar somente duas objectivas com a Nikon D200. Uma Nikkor 80-400mm, para fotografar os aviões em voo e a recente (praticamente a estrear) Nikkor 24-70mm para aproveitar a altura e captar umas fotografias aéreas entre Aveiro e Coimbra.Estava visto que o saco da Nikon não daria pelo que tive de levar o Hama Defender 210, onde cabe perfeitamente a câmara com qualquer umas dessas duas objectivas montadas e a outra ao lado (sobrando ainda bastante espaço….). Mesmo assim, com estas duas objectivas, a D200, um monopé Manfrotto 680B, uns filtros e umas baterias extras o peso a transportar era superior a 7kg. Algo que já se torna, aliado ao próprio volume do saco, um pouco penoso de transportar caso tenhamos de andar de um lado para o outro o que, por acaso, não foi o caso.

Nikon D200 + Nikkor 80-400mm f/4.5-5.6 VR ED-IF AF-D
(@ 400mm; ISO 200; f/5.6; 1/1250 Seg.)

Nikon D200 + Nikkor 80-400mm f/4.5-5.6 VR ED-IF AF-D
(@ 400mm; ISO 200; f/5.6; 1/1250 Seg.)


Na realidade, chegarmos de avião a um destes eventos tem as suas vantagens.
Mas vamos por partes. Como a autorização de chegada a Coimbra era para as 14:00h todo o timing foi programado em função disso.
Por volta das 11:30h e na companhia do amigo Pedro já era servido o almoço lá em casa. Não me lembro de alguma vez ter almoçado quase à hora do pequeno-almoço mas enfim… era um dos sacrifícios a fazer.
12:00 horas e lá estávamos de partida para Aveiro, sítio onde iríamos iniciar o nosso voo. Cinco minutos antes da hora de chegada prevista, ou seja às 12:55h estacionávamos o jeep no aeroclube local.
O Cessna 152 II já estava fora do hangar e após os usuais procedimentos de verificação à hora que tínhamos previsto (13:30h) lá partimos.

Nikon D200 + Nikkor 80-400mm f/4.5-5.6 VR ED-IF AF-D
(@ 400mm; ISO 100; f/6.3; 1/350 Seg.)

Quarenta minutos depois chegávamos ao Aeródromo Municipal Bissaya Barreto.
Houve algumas confusões quanto à autorização para efectuar a aterragem dado o evento que ali decorria, mas no fim, uma vez que havia prévia autorização lá aterramos.
Após aterrar mais umas pequenas confusões quanto ao lugar onde devia ser “estacionado” o avião. Volta para a frente, volta para trás lá estacionamos bem próximo da pista principal onde aterravam e levantavam voo todos os aviões do Airshow (à excepção dos Asas de Portugal).
Mais umas verificações após desligar o motor, antes de “abandonar” o avião, e lá fomos rumo ao edifício do aeroclube de Coimbra tratar das papeladas.
Aqui é que se começaram a sentir algumas das “mordomias” pelo facto de termos ido de avião. Foi-nos dado uma espécie de “Freepass” que viria a ser muito útil pois permitia-nos a livre deslocação por todo o recinto bem assim como o acesso ao local onde tinhamos deixado o avião e que era próximo da pista. Ah!...e as bebidas... água claro, por gentileza do aeroclube também ficaram “por conta da casa”!


Bom, uma das dificuldades que se depara quando se fotografa eventos do género é o excesso de gente à volta o que, desta vez, não aconteceu.
As fotografias foram captadas em local privilegiado, bem próxima da pista e sem “obstáculos”! Além do mais passavam ao nosso lado quase todos os aviões e respectivos pilotos quando acabavam a sua exibição!
Mas nem por isso o lugar era o ideal e se já durante a tarde não tive grandes dúvidas acerca dos resultados que iria obter, posteriormente, quando cheguei a casa e descarreguei as fotos para o computador mais frustrado fiquei.
O sol, além de muito intenso, encontrava-se mesmo de frente e só nas passagens laterais ou em voos a pouca altitude da pista é que se conseguia alguma cor nos aviões. Vindos de frente ou da direcção do sol, os aviões, não passavam de pequenas manchas escuras sem contornos, cores….
Tentei fotografar usando as várias medições de luz possíveis da câmara (matricial, central ponderada e pontual) mas sem grandes melhorias de resultados. Como seria de esperar fotografar um objecto em movimento e em contra-luz, além de mais difícil nunca proporciona grandes resultados. Pena que não fosse possível atravessar a pista para o outro lado…!
Nem mesmo uma experiência com a 24-70mm e um filtro polarizador da B+W foram capazes de fazer escurecer o azul do céu e manter os aviões na cor e contraste certos.

Nikon D200 + Nikkor 80-400mm f/4.5-5.6 VR ED-IF AF-D
(@ 230mm; ISO 100; f/18; 1/20 Seg.)


As velocidades de obturação que utilizei variaram desde os 1/20 seg. (como foi o caso da fotografia acima do “Extra 300”) criando o efeito de panning, até 1/1250 (como foi o caso da fotografia dos dois “Alfa Jet’s” do início desta mensagem). Já quanto à sensibilidade do filme (ISO) os valores usados foram, regra geral de 100/200 e numa ou noutra altura de 320. Dada a forte luminosidade do dia, mesmo com aberturas um pouco “lentas” – quase sempre de f/5.6 para cima - não houve necessidade de usar valores ISO mais elevados, pois as velocidades de obturação conseguidas eram mais que suficientes.

Nikon D200 + Nikkor 80-400mm f/4.5-5.6 VR ED-IF AF-D
(@ 400mm; ISO 100; f/6.3; 1/500 Seg.)

Nikon D200 + Nikkor 80-400mm f/4.5-5.6 VR ED-IF AF-D
(@ 400mm; ISO 100; f/6.3; 1/640 Seg.)

Já agora fica aqui uma dica (para quem não está habituado nestas lides, claro):
Na fotografia a aviões, designadamente dos que possuem hélice, devemos usar velocidades relativamente baixas (tendo em conta a distância focal da objectiva – princípio da relação de igualdade entre a distancia focal e a velocidade, ou seja, 300mm= 1/300seg. mínimo; 600mm=1/600seg. mínimos…) de maneira a permitir visualizar o arrastamento provocado pela mesma. Às vezes temos mesmo que fotografar abaixo da velocidade ideal esquecendo essa regra. Fazendo isso estamos a criar, ou melhor, a permitir que a fotografia transmita a sensação de movimento. Uma fotografia a um avião, em pleno voo, em que a hélice se encontra “congelada” por se ter usado uma velocidade de obturação elevada, além de ter pouco impacto, soa a irreal pois era impossível, nessa circunstância, que o avião se mantivesse no ar!
Já a situação é outra se estivermos a captar fotografias a aviões a jacto tendo por fundo o céu (como foi o caso dos Alfa Jet’s dos “Asas de Portugal”) em que somos “obrigados” a usar velocidades de obturação mais elevadas para conseguir uma fotografia com alguma nitidez e detalhe. É que a velocidade destes aviões supera os 1.000 Km/h!

Nikon D200 + Nikkor 80-400mm f/4.5-5.6 VR ED-IF AF-D
(@ 400mm; ISO 100; f/5.6; 1/500 Seg.)

Nikon D200 + Nikkor 80-400mm f/4.5-5.6 VR ED-IF AF-D
(@ 230mm; ISO 100; f/5.6; 1/750 Seg.)

Neste tipo de fotografia convém sabermos de antemão como devemos “programar” a câmara e que efeito se pretende criar. Ao contrário da fotografia de paisagem, em que dispomos de tempo para testar e reformular as regulações da câmara de maneira a ir ao encontro do que pretendemos, na fotografia deste tipo de eventos não há possibilidades de “repetir” a fotografia e tudo se passa de maneira muito rápida! Por isso aqui fica a explicação de como foi possível em pouco mais de 2 horas obturar cerca de 1100 vezes!
Quase sempre regulo a câmara como na maneira descrita para o “panning” usando velocidades variadas, consoante aquilo que pretendo.

Nikon D200 + Nikkor 80-400mm f/4.5-5.6 VR ED-IF AF-D
(@ 310mm; ISO 200; f/10; 1/125 Seg.)


Pela primeira vez, consegui atingir o limite máximo do “bufffer” da D200 no que toca a guardar fotografias. A captar sequências de fotografias, à velocidade de 5 por segundo, nem mesmo a “reserva” proporcionada pelo “buffer” chegou (para os menos entendidos “buffer” = espécie de memória temporária interna da câmara que permite guardar, no caso da Nikon D200, até 25 fotografias [em formato RAW e, salvo erro, até cerca de 37 caso estejamos a fotografar em formato JPEG modo “Large” e “Fine”], enquanto vão sendo gravadas/descarregadas no cartão de memória que é um pouco lento para assimilar “rajadas” de fotos seguidas à razão de 5 por segundo. Enquanto vão sendo gravadas para o cartão essa “memória” vai ficando livre e permitindo a gravação de novas fotografias!). Outro dado: apesar de ter levado comigo 3 baterias Nikon EnEl3e uma única chegou para esta tarde. Claro que tive, como regra geral tenho sempre, o visor da D200 desligado (opção de não exibição de fotos após a captura) e poucas fotos tive tempo para rever. Por isso atingi quase o nº de fotos máximas que supostamente se consegue captar com estas baterias na Nikon D200… quando cheguei ainda restavam 6% de carga!

Nikon D200 + Nikkor 80-400mm f/4.5-5.6 VR ED-IF AF-D
(@ 400mm; ISO 200; f/5.6; 1/1000 Seg.)


As fotografias que aqui publico são apenas algumas das 1.100 que captei em pouco mais de duas horas!
Claro que a maioria dessas fotografias são “lixo” pois ou não estão devidamente focadas, ou não estão suficientemente contrastadas, não estão com enquadramentos correctos, etc… mas, neste tipo de fotografia, é mesmo assim. Se das 1.100, atendendo também às condições de luz, “aproveitar” umas 10 /15 fotografias já considero uma tarde proveitosa!

Nikon D200 + Nikkor 80-400mm f/4.5-5.6 VR ED-IF AF-D
(@ 220mm; ISO 100; f/5.6; 1/640 Seg.)


Já agora, só me falta falar no regresso desta viagem de Coimbra a Aveiro que foi um pouco atribulado.
Após alguns minutos de espera pela autorização da torre de controlo para levantar voo de Coimbra lá partimos. A saída estava prevista para as 18.00h mas como, nessa altura, faziam exibição os “Smoke Wings” levantamos cerca das 18:40h.
De início tudo correu bem permitindo o tempo, inclusive, tirar algumas fotografias aéreas logo à saída de Coimbra. Quando sobrevoávamos a zona de Ovar subitamente encontramos um nevoeiro cerrado, com visibilidade praticamente zero, obrigando a um pequeno período de navegação somente por instrumentos.
Desceram-se cerca de 1200 pés virou-se para a costa e assim fomos até ser visível o farol da barra de Aveiro sobrevoando sempre a praia a uma altitude baixa, cerca de 150m, evitando assim o denso nevoeiro que pairava por cima de nós.
No final tudo correu bem e fizemos uma boa aterragem. Chegamos a casa já bem tarde devido ao trânsito na zona da Torreira mas mesmo assim, após o jantar, ainda houve algum tempo para descarregar as 1100 fotografias do dia! Só isso… pois o descanso era merecido!
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3 comentários:

Tiago Sousa disse...

Belos apanhados :)

Pedro Ferreira disse...

Foi um dia em cheio...
com o belo mundo da aviação.

parabens pelas fotos

Abraço, Pedro

Dan/Bela disse...

Lindas imagens, realmente encantadoras!!!

Parabéns.
:)

Felicidades e paz,

www.coreseideias.blogspot.com