Fotografia de Produto

Nikon D200 + Nikkor 60mm f/2.8 Micro AF-D
(f/4; 30 seg.; ISO 100)

Por vezes temos a ideia que a fotografia publicitária, designadamente a de produtos, envolve grandes meios, grandes estúdios e em certos casos até é bem verdade. Mas se quisermos, nós próprios, por um qualquer motivo fotografar um determinado objecto criando uma atmosfera que o realce, pois é esse o fim deste tipo de fotografia, também o podemos fazer de maneira muito simples em casa.
A fotografia que esta semana publico neste blogue é exemplo disso. Depois de ler a explicação acerca de como foi feito certamente que muitos nunca terão pensado ser tão simples!
Claro que o efeito não será o mesmo daquele que poderia ser obtido em estúdio com uma iluminação e composição mais cuidada, mas para determinados fins certamente que será mais apelativa que somente fotografar o objecto em causa à luz do dia ou com flash. Senão vejamos - gastos e material usado para obter este efeito:

1 folha de cartolina preta;
1 vidro sensivelmente do tamanho A4;
1 pequena lanterna;
1 sala às escuras e… mais nada!



Explicando como foi feito…
Começamos por colocar uma folha de cartolina sobre uma mesa (usei uma de cor preta mas poderá ser doutra, embora o preto transmita melhor os reflexos e permita um equilíbrio mais homogéneo na composição que escolhi). De seguida e com o intuito de criar reflexos do objecto fotografado foi colocado um pequeno vidro sobre a folha de cartolina. (Embora não tenha experimentado, penso que um vidro um pouco maior e colocado de maneira suspensa, por exemplo suportado por bancos nas extremidades e a uma certa altura do chão, criaria melhores reflexos).
Colocado o objecto a fotografar sobre esse vidro procede-se de seguida ao enquadramento e com a câmara em “exposição prologada” e um cabo disparador procede-se à captura. Num local completamente escuro (preferencialmente numa divisão da casa e à noite sem qualquer luz), durante o tempo de exposição vai-se iluminando, com uma pequena lanterna e de maneira muito ténue (este aspecto é importante) o objecto de maneira a intensificar as zonas que pretendemos com mais claridade. O resto vem com alguma experiência, ou melhor com alguma tentativas até encontrar a direcção e intensidade de iluminação correctas em função do tempo de exposição usado.
Por último, deve usar-se um ISO o mais baixo possível a fim de evitar o ruído da imagem criado pela pouca intensidade da iluminação e uma abertura grande a fim de permitir algum desfoque e não prolongar em demasia o tempo de captura.
Um pequeno acerto de níveis em pós-produção e pronto! Não será garantia suficiente para a venda do produto mas pelo menos realça e torna a apresentação do mesmo um pouco mais agradável!
Já agora, se fosse uma fotografia “não caseira” para publicidade “a sério” dum relógio, logo à partida haveriam na que serviu de demonstração, dois erros crassos… o primeiro é a omissão da marca e o segundo é a questão estética da posição dos ponteiros. Já reparam que em toda a publicidade a relógios os mesmos aparecem com os ponteiros nas 10:10 horas… e não é por coincidência! Bom, mas com solução “home made” esta deve servir…

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3 comentários:

Humberto disse...

Legal, adorei as dicas!

Correia dos Santos disse...

Excelente! Mas durante 30 segundos não seria tempo suficiente para vermos um ligeiro arrastamento do ponteiro dos minutos, presumindo que o dos segundos estaria parado?

Isto foi um pequeno à parte, gostaria de lhe dar os parabéns pela forma como comunica, os seus artigos são muito claros e com um português muito correcto. Parabéns por este blog.

José Loureiro disse...

Caro Correia dos Santos,
Vou ver se consigo esclarecer a sua dúvida e, simultaneamente, explicar um pouco melhor como se processa este tipo de iluminação…
Na realidade, não é notório o arrastamento do ponteiro dos minutos por dois motivos: primeiro, o movimento que o ponteiro sofre em ½ minuto é muito pequeno para que se note na exposição o efeito de arrastamento. Poderia sim notar-se uma ligeira falta de recorte nos bordos. Segundo, e mais importante, é que a iluminação nem sempre incidiu sobre o mostrador do relógio… ou seja, o tempo que iluminou os ponteiros foi bem menor que os 30 segundos. Quanto ao ponteiro dos segundos (grande) estava efectivamente parado (este ponteiro é usado na função de cronometro). O outro ponteiro que se moveu durante a exposição foi o pequeno (às 6 horas) e, esse sim, se reparar bem, denota vários traços em localizações diferentes, representando as alturas em que foi iluminado.
Este tipo de iluminação faz-se movimentando a fonte de luz e fazendo-a incidir com mais ou menos intensidade nos pontos que queremos. Daí que o efeito seja diferente duma iluminação fixa. Por outro lado, como a fonte de luz, embora fraca, incide muito perto do objecto que estamos a fotografar congela o movimento. Por isso é que existem pelo menos três “traços” perfeitamente delineados representando o ponteiro dos segundos e não o efeito de arrastamento.
Espero ter dado para esclarecer…
Por último obrigado pelos comentários.
Abraço