Nikon D300 + Nikkor 24-70mm 2.8
(@ 24mm, f/2.8, 1/25 seg., ISO 320)
Ultimamente, não por falta de tempo mas sim por falta de disposição, não tenho publicado aqui no Blog quaisquer artigos técnicos ou explicativos.
Mais uma vez, esta semana, seguindo essa tendência “preguiçosa” apetecia-me somente colocar neste espaço uma qualquer fotografia.
Todavia, como sei, alguns dos leitores esperam sempre (e é isso mesmo que interessa) que a acompanhar uma foto explique, através dum texto, como se faz (ou pelo menos como eu fiz...)
Assim, vamos lá deixar de lado a preguiça e explicar como se fotografa "Fogo de Artificio"… à “preguiçoso”. Pois é! Leiam até ao fim e perceberão o porquê!
Ora bem, se forem pesquisar ou procurar informação acerca deste tema quase por certo ficarão a pensar que este tipo de fotografia exige muita técnica; que será imprescindível o uso dum tripé e cabo disparador; que para captar este tipo de fotos que terão de usar aberturas de diafragma com valores exclusivamente médios (próximos de f/8); que o valor de sensibilidade mais indicado será de ISO 100; etc., etc.…
Algo desmotivador para quem, casualmente, se encontra com a câmara à mão, não está munido de todos esses acessórios e "calha" de passar num local onde está a decorrer um bonito fogo de artifício e o quer registar, não é?!
E se lhe disserem que não é nada disso... ou que pode haver outras formas de fotografar este tema...
Apesar de tudo o anteriormente dito estar absolutamente certo e de ser essa a maneira "mais vulgar" de se fotografar “Fogo de Artificio”, em fotografia nem todos os conceitos, regras e princípios são incontornáveis. Para provar isso mesmo aqui ficam duas fotografias que contrariam isso tudo. Captadas sem tripé, sem cabo disparador...
Se gostarem do efeito final também podem tentar desta maneira... Ou seja, é um artigo destinado a dar umas dicas básicas a todos aqueles que, de maneira muito simplista, apontam as câmaras para o céu em dias de “Fogo de Artificio”.
Nikon D300 + Nikkor 24-70mm 2.8
(@ 24mm, f/2.8, 1/50 seg., ISO 640)
Então cá ficam os passos a seguir (se quiserem optar pelo método menos ortodoxo que usei para captar as fotos de exemplo) …
Valor de sensibilidade:
Não obrigatoriamente “ISO 100” mas antes uma velocidade que permita, em função da abertura de diafragma que estamos a usar, velocidades de obturação suficientes para não ficar com fotos tremidas. Algo entre os ISO 200 e ISO 800 usando f/2.8 ~ f/3.5. *
Abertura de diafragma:
A maior possível da objectiva que estivermos a usar (o menor número f/stop na escala da mesma). Neste tipo de fotografia não temos muito de nos preocupar com questões como a profundidade de campo pois o tema encontra-se todo num plano correspondente à distância do infinito nas escalas das objectivas
Medição de Luz:
Matricial. É conveniente que a leitura contemple o clarão emitido pelo Fogo mas, ao mesmo tempo, que se preserve o negro do céu na exposição tal como o vemos.
Velocidade de obturação:
A menor possível mas de modo a ser, como acima já referi, suficiente para as fotos não ficarem “tremidas”. Dessa maneira prolongaremos o rasto das luzes o mais possível. Aqui, podemos reger-nos pelo princípio de correlação entre distância focal usada = velocidade de obturação. Ex: objectiva de 50mm = 1/60 seg. ou, outro caso, 24mm = 1/25 seg.
Flash:
Não! De modo algum! Para iluminar o quê? Os clarões do Fogo de Artifício?!
Estas dicas são vocacionadas para uma utilização com câmaras D-SLR mas, já agora, com câmaras compactas pouco sofisticadas também se podem captar boas imagens nestas alturas. Se a câmara tiver um programa específico para o efeito (Fogo de artifício) ou próprio para fotografar cenas em interiores sem flash (como Museus, etc.) escolham essa opção. A câmara manterá automaticamente o diafragma aberto até captar a luz necessária. No entanto, é preciso ter mão firme pois a exposição é mais demorada.
Programa de exposição:
Depois do que já acima ficou dito, fácil é de descobrir que a melhor opção será o de “Prioridade à abertura” (“A” – no caso das câmaras Nikon e “Av” no caso das Canon).
Tipo de ficheiro:
No caso dos dois exemplos utilizei “RAW” mas geralmente, neste tipo de fotografia, as fotos não necessitaram de grandes correcções pelo que, usando “JPG’s” facilmente se chega aos mesmos resultados.
(No entanto, há que ter em consideração que clarões excessivos são mais eficazmente equilibrados usando ficheiros “RAW”…)
Da próxima vez que virem um destes espectáculos e tiverem a câmara por perto nada como experimentar!
* Todos os valores acima mencionados (relativos a abertura máxima, ISO e velocidade de obturação) são meramente indicativos pois factores como a distância a que nos encontramos do Fogo de Artifício e a intensidade luminosa deste farão variar os mesmos.
17 comentários:
Um bom artigo. Nunca é tarde para aprender. E para deixar a preguiça...
Excelente post. Era mesmo esta a explicação que necessitava para este fim de semana. :)
Muito legal essas dicas. Já tentei fotografar fogos de artifício mas, como não tinha nenhuma referência, as fotos não ficaram boas. Além disso, esse tipo de cenário não se vê todo dia. Daí a dificuldade para se aprender a fazê-las.
Explicações simples mas, como de costume, de excelente valia.
Um abraço.
Cesar.
Obrigado pela paciência da explicação... e pela sua clareza!
Um abração
Muito úteis as suas indicações.
Grato pelo seu tempo.
É sempre interessante passar por cá e aprender com quem percebe da matéria ;)
sempre uteis as suas explicações..!!
Comigo, ISO, upa, upa :-)
altamente :)
Obrigado pela lição. Abraço.
José Loureiro, uma ajuda adorei as fotos de fogos de artificieis,porem gostaria de saber se é possível tirara fotos assim com uma Nikon L120. Em caso positivo como proceder? Sou iniciante no ramo.
Caro “Anónimo”,
Embora não conheça em pormenor a Nikon L120 penso que é possível na mesma seleccionar um “Modo de Cena” especifico para fotografar “fogo de artifício”.
No entanto esse modo permitirá fotografar do modo “convencional” prolongando a exposição.
Para fotografar como descrito no artigo a câmara teria de permitir seleccionar o modo de prioridade à abertura “A” e escolher o valor f/stop mais pequeno (f/3.1). Todavia, penso que a Nikon L120 só dispõe de “Modos Automáticos” de cena…
Caro amigo fico grato pela resposta. Um grande abraço !
Excelente. Obrigado pela dedicação. Feliz Ano.
Já tinha saudades de o ler...
Estava mesmo a procurar uma dica para não levar o tripé com a D800 e a tal 24/70 f2.8.... no meio da confusão, mas uma mais discreta Leica à volta do pescoço.
Vou abrir a f1.7, ISO 100, e a máquina que se desenrasque..., LOL!
Obrigada, um abraço e bom ano.
Lucena Isabel, aka Xata
Obrigada. Vou às Faroe e talvez tenha oportunidade de fotografar auroras boreais... tentarei a sua técnica com nikon D800 + a tal 24-70. Ou com a leica Q....
Isabel QM,
Boas fotos :)
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