Nikon SB-26 (utilização como flash escravo)



 



Por vezes um só flash não é suficiente para proporcionar a iluminação que pretendemos. Nessa circunstância, a solução é a utilização combinada e simultânea de várias unidades. Apesar de actualmente existirem vários modelos que possibilitam esse tipo de uso nem todos o conseguem fazer remotamente sem recurso a ligações físicas por cabos.
Existem, contudo, certos modelos que permitem esse tipo de utilização combinada entre vários flash’s sem fios (Wireless). Uma maneira extremamente prática e cómoda de usarmos várias fontes de luz!


Embora não seja habitual, há dias fui fotografar uma exibição dum agrupamento Folclórico em que participava, como músico, um amigo (ao lado fica uma das fotos dessa ocasião que aproveito para ilustrar este artigo). Pese embora, houvesse ainda alguma luz diurna, o palco estava situado numa zona sombria (por baixo dum viaduto) e não se encontrava iluminado por qualquer espécie de luz artificial (focos, projectores, etc.) o que tornava obrigatório o uso de Flash. Esta é uma das situações em que o Flash integrado na Nikon D300, que levei na altura, não chega para iluminar de maneira eficiente toda a cena. De facto o número guia 12 a ISO 100 (17 a ISO 200, como foi o caso) não eram suficientes.


Como tinha levado comigo o "velhinho" Nikon SB-26 coloquei-o na sapata da câmara e o resultado em termos de potência, como seria de esperar, foi muito melhor. Este último, (SB-26) tem um numero guia de 36/(ISO 100, metros)! No seu tempo, seria equivalente ao actual topo de gama da Nikon: O SB-900 que tem um número guia de 34/(ISO 100, metros)! Em todo o caso, quando acoplado numa Nikon D300 (ou noutra qualquer câmara digital da Nikon) o seu funcionamento fica limitado a manual (M) ou automático (A). Ou seja, deixamos de poder contar com a medição de luz TTL (leitura de luz efectuada pela câmara através da objectiva acoplada e posteriormente transmitida ao flash) e, por isso, temos de ir verificando os histogramas e ir calculando a potência certa. Dá um pouco de trabalho mas, mesmo assim, os resultados podem valer a pena! Nestes casos, pessoalmente, prefiro usa-lo no modo Manual (M) e, depois de acertada a abertura e distância focal com que estamos a trabalhar, reduzir ou aumentar a sua potência em fracções de potência... 1/1; 1/2; 1/4; 1/8;... até 1/64, o que permite um controle preciso da intensidade de luz. Mas, mesmo assim, uma vez que a iluminação que estava a conseguir não me agradava muito pois não conseguia eliminar por completo algumas sombras duras (o tecto do palco era preto o que não dava para reflectir convenientemente a luz), passei então a usar uma outra funcionalidade do Nikon SB-26: a possibilidade de ser usado como flash escravo remotamente controlado sem fios. Isto é, utilizando o flash integrado no topo da Nikon D300 como flash principal e de comando para activar o flash SB-26.
No gráfico e fotografia acima podem ficar com uma ideia de como funciona este sistema. O exemplo é o da utilização combinada de 2 flash's para a situação descrita. Como facilmente se verifica com o uso dos dois flash's, apesar da distância e do grande ângulo de cobertura necessário (24mm), todo o palco ficou iluminado. Inclusivamente, os músicos que estão em segundo plano não ficaram, assim, com sombras provocadas pelos intervenientes mais à frente o que, pelo contrário, logicamente aconteceria caso tivesse sido usada uma única fonte de luz com origem frontal!

Na foto podem ver o flash "escravo" (Nikon SB-26) colocado no chão do palco, assinalado pelo quadrado vermelho, com a célula virada para o sítio onde me encontrava). (clique p/aumentar)

Mas, até aqui, este "blá, blá" não interessa nada a ninguém...
Agora vamos ao que realmente interessa... E, o que interessa, neste caso, é saber como podemos aproveitar para usar algum equipamento "velho" da era analógica que, à partida, poderia ser considerado obsoleto por não ser totalmente compatível com o material fotográfico mais recente! O princípio de funcionamento deste sistema é simples: O flash integrado na câmara, quando disparado, acciona o segundo flash (neste caso o SB-26). Neste último, o disparo por simpatia pode inclusivamente fazer-se de duas maneiras. Ou de imediato "S" (Simultaneous), ou com um certo atraso "D" (Delay) para não interferir, em termos de medição de luz, com o primeiro. Para a sítuação em concreto foi usado em modo Manual (M) e sem qualquer atraso no disparo.  O flash da câmara foi suficiente para iluminar o palco até ao primeiro plano enquanto que o segundo flash (escravo), regulado para 50mm de distância focal a fim de ter um menor ângulo de luz, tratou de iluminar o interior e o fundo do palco.
Na foto ao lado (cima) pode observar-se a célula responsável pela captação de luz que faz activar este sistema Wireless (frente do flash - lado direito) e o botão de comando da função (S; D; e OFF).
Na foto de baixo pode ver-se o botão de controle da função de fraccionamento manual da potencia.
Os mais recentes modelos da Nikon (SB-600, SB-800 e SB-900) conseguem disparar remotamente através de comando por infra-vermelhos.
Todavia, o SB-600 apenas servirá de flash escravo. Não comanda, quer por disparo, quer mesmo sem disparar, outros flash's (como é o caso dos SB-800 e SB-900)! Isto é, serve como flash principal, quando colocado na sapata da câmara, mas não activa outro/s. A menos que, claro, seja um SB-26 que é activado não pelo novo sistema de iluminação sem fios da Nikon Creative Lighting System (CLS) mas sim pela intensidade luminosa doutro flash!!!
Quanto aos SB-26, acabam por ser ainda boas aquisições para quem necessitar de várias unidades de luz pois são versáteis, eficazes e com potência “para dar e vender” Além disso, a facilidade de uso fazem com que ainda sejam uma aquisição apetecível!
Ah! Já agora, uma boa notícia! Pelo facto de poder ser accionado remotamente como flash escravo através da simples luz emitida por outros flashes, independentemente da marca e modelo, este Nikon SB-26 é, por isso, um bom complemento de iluminação (como flash escravo) mesmo para que possua equipamentos doutra marca, seja Canon, seja Sony, ou outra qualquer!
* Como ponto fraco, no SB-26, apenas chamo a atenção para a frágil base da sapata (de baquelite) que não tem, de todo, a mesma resistência/qualidade nem proporciona a mesma facilidade de engate dos actuais flash's da marca.

E assim fica aqui a ideia para uma das possíveis utilizações destes "velhos" mas magníficos SB-26!

Lua (quarto-crescente)


20/05/2010 (22:43h)

Nikon D300 + Nikkor 300mm f/2.8 AI-S + TC 300 + TC 200
(@ 1200mm, f/11, 1/125 seg., ISO 200, -1,3 Ev)


Finalmente chegaram os dias, ou melhor, a noites quentes!
As fotografias à Lua são sempre um motivo interessante (pelo menos eu acho...). Todavia, captar um motivo que se encontra a mais de 360 Mil Km de maneira a preencher, com algum pormenor, um fotograma, constitui sempre um desafio.
Por conseguinte, tornar visíveis detalhes como, por exemplo, algumas das milhares de crateras existentes na superfície lunar fruto das explosões provocadas pelo impacto dos meteoros, só é possível com recurso a equipamento específico e um pouco de conhecimentos técnicos.
Numa noite em que não corria a menor brisa (factor importante para que se consigam resultados aceitáveis dadas as distâncias focais usadas), e uma observação da minha filha a propósito da fase em que se encontra a lua, foram motivos suficientes para que montasse ao ar livre a panóplia de equipamento necessária para a fotografar, com o máximo de pormenor que consigo... neste caso, metade dela...
Como curiosidade, para terem a noção do nível da dificuldade de focagem e da estabilização que é necessária para estas capturas, posso referir que o simples oscilar da correia pendurada da câmara, por mínimo que seja, é suficiente para arruinar a fotografia...
Além disso, foi uma oportunidade para testar, na prática, a função “Live View” da Nikon D300 neste tipo de fotografia. Contrariamente ao que por momentos tive esperança que resultasse, este tipo de função de nada serve para este tipo de fotografia… mais uma vez confirmei que estava certo quando, na análise que fiz acerca desta função na dita câmara, disse que era pena que este sistema não interagisse com as regulações de exposição efectuadas… Pois é! O brilho intenso da Lua (que não podemos diminuir no LCD) não permite que a cena seja visualizada de maneira a podermos ter a real noção dos pormenores e a auxiliar a focagem… Ou seja, continuamos a focar a Lua a milhares de Km de distância pelo pequeno visor óptico…
Bom, já em tempos escrevi acerca do método que utilizo para captar este tipo de fotografias por isso hoje fica só este exemplo, captado de análoga maneira o qual achei interessante pela diferente perspectiva. Penso que esta, e corrijam-me os mais entendidos se estou enganado, corresponde a cerca de 50% da parte do hemisfério iluminado da Lua (com cerca de 7 dias nesta altura) e mostra uma das regiões mais acidentadas deste lado visível do satélite.

Outra vista da Lua e a descrição do método acima mencionado podem ser vistos aqui. (abre em novo link)

Nikon D300 - 12Mp DSLR - Teste




Introdução:
Começando, como é usual, pela menção a prémios a Nikon D300 teve também direito a um: melhor câmara "avançada" D-SLR da Europa em 2008 (EISA).
Já lá vão uns tempos desde que foi anunciado o seu lançamento, mais precisamente em 23/08/2007, tendo-se mantido este modelo em comercialização até à muito pouco tempo atrás. Recentemente foi substituída pela Nikon D300s um modelo que no fundo, quanto a mim, é de aspirações honestas uma vez que pouco acrescenta em relação ao modelo aqui em causa. (as diferenças podem vê-las aqui)
Por outro lado, face à sua antecessora, a Nikon D300 acrescenta um novo processador de imagem CMOS em vez do anterior CCD da Nikon D200. A evolução do modelo anterior para a D300 em termos de tamanho de imagens não foi muito grande tendo-se passado dos 10 para os 12 megapixéis. Não será este, certamente, o argumento principal que fará a grande diferença. Mas, quanto a qualidade de imagem o novo processador  EXPEED, além doutras pequenas nuances, parecem permitir resultados finais melhores que os do modelo anterior. Outro factor que evoluiu foi a velocidade. Se já as 5 fotografias por segundo que a D200 era capaz eram um bom número a fasquia subiu, com a Nikon D300, para as 8 fotografias por segundo! (com o punho vertical MB-D10)
Pessoalmente gosto de analisar por comparação, nomeadamente, com aquilo que conheço. Por isso, este artigo não foge à regra e a análise da Nikon D300 é feita em relação ao anterior modelo, D200, bem assim como com aquela outra câmara que testei e que, até ao momento, servirá de padrão quanto à qualidade de imagem - a Canon 5 D MK II

Especificações:

Manuseamento:
Na introdução já mencionei alguns aspectos que fazem a diferença face ao anterior modelo. A velocidade de captação de fotos que esta câmara é capaz é um desses aspectos sendo deveras impressionante!
Todavia, o número máximo de 8 fotos/seg. é obtido com algumas condicionantes... Primeiro teremos de acoplar à câmara o punho vertical (ou Grip, se assim quiserem chamar) MB-D10. Depois, mesmo assim, para obter esse número estando a usar o formato de arquivo Raw, teremos que nos limitar à profundidade de 12 bits, pois caso estejamos a usar o modo de 14 bits o número máximo de fotos decresce (radicalmente) para as 2,5 fotos/seg.! Além disso teremos que usar a bateria ENEL4a ou o carregador opcional com 8 (oito!) pilhas AA. Na realidade, por mais rápido que seja o assunto que estamos a fotografar, na maior parte das vezes, não vamos precisar de tanta velocidade! Mas, velocidade por si só, sem uma precisão de focagem associada de nada valem. Por isso, também o revisto sistema de focagem (agora de 51 pontos) é outra das alterações dignas de relevo. Quanto a este aspecto a Nikon, inclusivamente, disponibilizou uns tempos após o seu lançamento, uma actualização a fim de permitir uma maior precisão de fogagem e de seguimento. Ainda hoje em dia se mantém a mencionada versão de actualização de Firmware: A: v1.10. - B: v1.10. - que pode ser descarregada gratuitamente do site oficial da marca.
Mas já estou a "fugir" um pouco ao tópico... manuseamento... bom, é praticamente igual ao da D200. Um ou outro botão estão em sítios trocados... ah! uma diferença... nesta D300 a Nikon retirou o botão de acesso directo à função de Bracketing (BKT). Porquê? Também não sei. O que sei é que em seu lugar está o botão de acesso à visualização de fotografias.
De qualquer forma, nem a D200 nem a Nikon D300/D300s quando usadas com objectivas mais pesadas e/ou compridas ficam bem "contrabalançadas". Por isso, os punhos verticais MB-D200 e MB-D10 complementam, respectivamente, estas câmaras. Pena é, que quem evoluiu, ou pretenda evoluir, entre estes modelos se veja "obrigado" à aquisição de um novo punho, em virtude de não serem compatíveis! E o MB-D10, embora de qualidade de construção superior ao MB-D200 também o é no preço!

Design/Estética - diferenças entre a D200 e a D300:
Se já a D200 era uma câmara apelativa, prática e funcional, de igual modo o continuam a ser as Nikon D300 e a recente D300s. Na realidade, além de um ou outro pormenor, muito pouco mudou desde então.

Senão vejamos...
(Mova o cursor sobre a imagem)

Qualidade de imagem:
A qualidade da Nikon D300 difere um pouco daquilo a que estava habituado com a D200. As cores são mais vivas e intensas. Enquanto que a D200, para obter as cores correctas, obriga a regular a saturação de cor para +1, a D300 parece ter uma predefinição de valores de saturação maiores (por vezes até ultrapassando o neutro). Quanto ao grau de ruído houve uma substancial melhoria em relação à sua antecessora podendo usar-se com segurança sencibilidades até aos 1600 ISO. De igual forma, a passagem dos ficheiros de imagem de 12 para 14 bits traduzem-se numa maior profundidade e rigor de cores. Estive a fazer comparações, também, com uma câmara da marca "concorrente" (mas não a câmara concorrente deste modelo - que seria, quanto a mim, a 7D), designadamente uma Canon EOS 5D MKII, e posso dizer que quanto ao ruído e "limpeza" de imagem, nomeadamente à visualização de pequenos artefactos, a D300, desde que usados valores de sencibilidade ISO baixos ou médios (até aos 1600), consegue igualar a qualidade de imagem da Canon. Acima desse valor a Nikon precisa ainda de evoluir... Também quanto à coloração e continuando em termos comparativos com a Canon, a intensidade e profundidade de cores da D300 pareceu-me maior. Quanto ao recorte/aberrações cromáticas também notei melhorias face à antecessora D200. As melhorias são mais notorias em JPG do que em RAW uma vez que fotografando com o primeiro tipo de ficheiros, o processador da câmara encarrega-se de corrigir, imagem a imagem imediatamente antes de serem guardadas, as aberrações crómáticas! Em comparação com a já referida Canon 5D as imagens da Nikon D300 pareceram-me ter um maior grau de recorte/nitidez. Contudo, se face à comparação com a D200 posso estabelecer um padrão, porque foi usada a mesma objectiva em ambas as câmaras, já quanto à Canon 5D o teste de recorte/definição não pode ser levado tão em conta pois a objectiva com que foram efectuados os testes era (supostamente) inferior à usada nas Nikon. Ou seja, Canon EF 24-105mm f/4 L IS USM e Nikkor 24-70mm f/2.8 ED-IF AF-S, respectivamente.

Teste ao recorte/nitidez de imagem:


Obs:
As imagens são crop's a 100% com 400x400px das fotografias originais captadas em Raw e convertidas para JPG - 8bits sem mais qualquer alteração.
Conforme se observa, o grau de recorte da D300 é um pouco maior (pese embora deva ter-se em conta a explicação referente às diferenças entre as objectivas usadas). Já quanto à coloração (saturação) a da Canon 5D MK II  fica mais próxima do neutro. A Nikon D300 atinge (com regulações neutras) um grau de intensidade de cor maior.

Comparativo ao ruído de imagem:
(até aos 1600 ISO)


A Nikon D300 surpreendeu-me pelo baixo nível de ruído de imagem até um valor que considero já aceitável: Os 1600 ISO!
Na realidade, até esse valor (entre os 800/1600 ISO), ainda foi possível fazer comparações com o da Canon EOS 5D Mark II, que tomei como referência. Os resultados foram de tal maneira diferentes daquilo que esperava que me surpreenderam positivamente! Pareceu-me que o ruído de imagem da Nikon D300 tende a ser predominantemente de luminância enquanto que o da Canon (acima desses valores) aparenta mais evidência no ruído cromático. Na Nikon, mesmo a 3200 ISO mantém-se essa tendência de ruído de luminância. No limite de sensibilidade da câmara (6400 ISO) passa, então, a ser evidente algum ruído cromático. Outro aspecto positivo na Nikon D300: A fidelidade na reprodução de cores que é  capaz de produzir sob condiçoes de luz pouco favoráveis é espantosa. Mesmo a ISO's mais elevados, em situações de escasssa luminosidade a proximidade de cores com o real que esta câmara reproduz é realmente boa.
Quando me lembro que na antecessora desta câmara raramente me atrevia a usar valores superiores a 640 ISO! Estas D300/D300s com o novo sensor de imagem “Expeed” conseguem melhores resultados utilizando o dobro desses valores! Neste campo é notória a evolução em termos de qualidade de imagem.

Imagens adicionais:
(clique p/aumentar)



Opinião:


Fotografias de exemplo:
(entre as que oportunamente surgirão, ficam as dos primeiros testes)


Conclusão:
No geral, o "salto" face ao modelo anterior poderia ainda contemplar mais um ou outro item. Todavia, há que considerar que algumas melhorias e inovações são, sem sombra de dúvida, dignas de registo.
De qualquer maneira esta, ou agora a Nikon D300s (pequena evolução deste modelo) são, até ver,  aquilo que aquela marca comercializa como seu melhor modelo em formato DX (APS-C).

 Artigo relacionado:  Nova Nikon D300s

Relação entre distância focal, aproximação ao objecto e profundidade de campo


(Clique nas imagens p/aumentar)

Associados à fotografia, desde sempre, existiram inúmeros conceitos e princípios ópticos e geométricos que, sendo muitas vezes por si só de difícil entendimento virtual são, contudo, de fácil demonstração. O artigo que hoje publico versa, precisamente, sobre um deles… No fundo, as explicações e demonstrações que ao diante verão fazem parte duma promessa de desmistificação (a alguns leitores) de algo que, à partida, parecendo claro e óbvio não deixa, no entanto, de iludir a maior parte dos fotógrafos.

Trata-se do conceito e aplicação prática da profundidade de campo relacionada com o uso de objectivas de diferentes distâncias focais.
Ou melhor:
 A profundidade de campo altera-se com o uso de diferentes objectivas ? 

Como todos saberão (ou, pelo menos, grande parte dos leitores), a profundidade de campo, em fotografia, designa o espaço considerado nítido antes e depois da zona em que foi seleccionado o foco. Além disso, é também sabido que a profundidade de campo obtida está directamente relacionada com a abertura do diafragma que usamos. Quanto maior essa abertura (valores f/stop pequenos - ex. f/1.8; f/2.8) menor será essa profundidade de campo e vice-versa. Para um melhor esclarecimento acerca desta questão clique aqui. (abre em novo link)

Ter a noção destes conceitos é de extrema importância na fotografia. É através da selecção duma maior ou menor profundidade de campo que damos relevo a um todo ou, pelo contrário, a uma só parte da fotografia desfocando os elementos que não nos interessam. Por exemplo, no caso de retrato em que se pretende destacar o rosto do fundo usamos uma abertura de f/2.8. Pelo contrário, usando aberturas pequenas (f/22), como no caso da fotografia de paisagem, obtemos uma grande profundidade de campo e uma imagem nítida desde o primeiro plano até ao infinito.

Bom, até aqui decerto que não haverá muitas dúvidas… Agora vamos ao motivo que me levou a escrever este artigo…

Tenho-me apercebido que, pese embora os conceitos acima expostos sejam de fácil entendimento e percepção, reside na maior parte das pessoas a ideia (errada) que a profundidade de campo varia em função da objectiva que utilizamos. Ou seja, existe a ideia generalizada que as teleobjectivas proporcionam, com a mesma abertura de diafragma, maiores desfoques em virtude duma menor profundidade de campo. Só parte disso corresponde à verdade! Na realidade, esses melhores desfoques ou “bokeh’s” não se devem a uma menor profundidade de campo mas sim antes à distância a que nos encontramos do objecto e à proporção deste em relação ao fundo! Vamos, então, tentar perceber o porquê de tal facto...
As teleobjectivas tendem a “aproximar” os elementos mais distantes comparativamente às objectivas de distância focal mais pequena. Motivo porque se cria essa ilusão! Acerca deste aspecto reparem, também, nas fotografias e grafismos mais abaixo e atentem nas diferenças do desfoque do fundo conseguidas quando usadas diferentes distâncias focais. Foi alterado, neste caso, a distância entre o plano focal (conta-se a partir do sensor da câmara) e o objecto focado de cerca de 4 para 12 metros, respectivamente, mantendo-se a porpoção do motivo! *
Estas noções são, por vezes, um pouco difíceis de explicar… e de entender. Por isso, nada melhor que recorrer a exemplos!

Começando pela analise às fotografia do topo (sem qualquer alteração em termos de redimensionamento) facilmente verificamos que usando a mesma abertura (no caso f/5.6) a profundidade de campo manteve-se inalterada quer a 87mm, quer a 600mm de distância focal. Se repararem, a área escolhida para a focagem foi a parte mais próxima da segunda tangerina. *

Primeira conclusão:  Desde que captadas na mesma proporção e com a mesma abertura de diafragma, independentemente da distância focal usada, a DOF (Depth of field – termo Inglês para designar a profundidade de campo) mantém-se inalterada!

Segunda conclusão:  A proporção dos elementos altera-se em função da objectiva usada! O que mudou? Conseguem notar alguma diferença? Vejam e comparem o tamanho do limão e da tangerina que se encontra em primeiro plano! Enquanto que o tamanho da 2ª tangerina (onde incidiu o foco) se mantém idêntico nas duas imagens, pelo contrário, a 1ª tangerina é proporcionalmente maior na primeira foto que na segunda acontecendo, precisamente, o contrário com o limão que se encontra em último plano! Este equilíbrio das proporções conseguido através do uso de teleobjectivas (2ª foto) é um dos motivos que fazem com que não tenham somente aplicação em fotografia de natureza….

Já que estamos com a ”mão na massa” e a falar de diferenças entre as imagens captadas através de teleobjectivas e objectivas de distância focal "normal" ou até de grande angulares, ao lado fica um gráfico que esclarece uma outra diferença… a repartição da profundidade de campo. Esta sim é uma das diferenças que existem! Também é uma matéria a ter em consideração pois pode ajudar-nos a calcular melhor a zona onde deverá incidir a focagem. Superficialmente, vou só dizer que uma objectiva de 50mm terá uma repartição da profundidade de campo (zona nítida mais próxima/mais distante) de cerca de 46%-54%; uma 600mm terá aproximadamente 50%-50% e uma Grande-angular de 10mm terá sensivelmente 30%-70%. Mas, quanto a isto, nada melhor que observar o gráfico ao lado que deverá ser mais que suficiente para esclarecer. Alerto, contudo, para o facto da relação de proporções lá indicada (no caso das Grandes-angulares) estar um pouco exagerada para melhor visualização das diferenças e do que quero dizer….
Continuando a falar de exageros, aproveito para dizer que caso queiramos ser verdadeiramente rigorosos (mais tipo científicos...) apesar de acima ter dito que a profundidade de campo se mantém inalterada independentemente da distância focal refiro-me em termos genéricos e perceptíveis pois, na realidade, existem ínfimas alterações dessa profundidade de campo as quais não devem ser tidas sequer em consideração uma vez que são praticamente imensuráveis! 


Por ultimo, observem as fotografias acima. Estas servem de demonstração acerca da forma como as teleobjectivas “ampliam”, ou melhor, aproximam os objectos mais distantes. Neste caso, o fundo. Uma vez que este está desfocado, quer numa, quer noutra fotografia, será "a tal área" chamada de “bokeh” ou desfoque. No entanto, apesar desse desfoque parecer mais intenso e agradável na foto captada a 600mm isso deve-se unicamente à maior proximidade que aparenta ter o fundo devido a um menor ângulo de imagem. Para tentar transmitir essa noção, reparem na primeira fotografia (@ 120mm) onde pode observar-se, seleccionada a verde, a única parte da área que passa a ser visível na foto a 600mm. A profundidade de campo não se alterou! Por outro lado, rapidamente se chega à conclusão que quanto maior for a distância focal usada, para obtermos a mesma porção do assunto fotografado, mais teremos de nos afastar do mesmo. Dessa forma, conforme podem confirmar no grafismo o ângulo de imagem será também menor pelo que a diferença de tamanho ficará reduzida criando-se, deste modo, a ilusão de um maior nível de desfoque com a mesma abertura…. Talvez seja melhor mesmo observar as figuras e tentar perceber...

Bom, assim ficamos com mais um artigo... Espero que tenha ajudado a dissipar algumas dúvidas...

Artigos relacionados: Dos 14mm aos 1200mm (teste a distâncias focais c/várias objectivas)
                                Teste - Sony 50mm f/1.4 (profundidade de campo e "bokeh")

Lançamento do magazine PLANADOURO em Mogadouro



Sábado passado foi, novamente, dia de andar nas nuvens!
Desta vez, sobre as terras de Trás-os-Montes, em voo num planador “Blanik” do Centro Internacional de Voo à Vela de Mogadouro.
A ocasião deveu-se a um convite para assistir ao lançamento do magazine PLANADOURO.
A publicação em causa, pertença daquele Centro de Voo, terá uma frequência trimestral e será exclusivamente difundida em formato digital.
(os interessados em ler este interessante 1º número - Edição Primavera 2010 - podem fazer aqui, gratuitamente, o download em formato PDF).


Acompanhado do piloto e amigo Pedro Ferreira (que, obviamente, também não podia faltar ao acontecimento) lá saímos de manhã, bem cedinho, para cumprir os mais de 200Km que nos separavam de Mogadouro. Chegados lá, deparamos com um dia que acabou por não ser o ideal para fotografia pois esteve sempre encoberto por uma neblina baixa que persistiu durante quase todo o dia. Os efeitos desse tipo de neblina acabam sempre por se fazer sentir nos resultados finais reduzindo o contraste e fazendo com que seja notória alguma falta de recorte nas fotografias.

Mesmo assim, por “ordem” do "comandante" Osório, director do Centro, lá tive eu que saltar para o planador e fazer umas fotos aéreas de Mogadouro e da pequena simpática aldeia de Azinhoso que alberga o “pessoal” do aeroclube. Ora, como ordem do comandante não se nega, toca a colocar rapidamente um filtro polarizador na Nikkor 24-70mm e levantar voo!
Decididamente, foi a primeira vez que fiz fotografia aérea a partir dum planador… Aliás, foi a primeira vez que andei num! A experiência é fantástica! No ar, a sensação de leveza e isenção de ruído que temos é indescritível. Voei acompanhado do piloto João Corredeira, também habituado às andanças da fotografia, e lá fizemos um sereno voo em busca de alguns “planos aéreos”. Mas, se voar num planador é estupendo, por outro lado, para fotografar não é a melhor solução… Ou seja, conseguimos voar a velocidades muito menos elevadas do que em avião, o que nos permite mais tempo para efectuar a captura, regular as aberturas, ajustar o polarizador, etc. mas, em contrapartida, o espaço interior que dispomos é exíguo. Além disso, o único local isento de vidro acrílico que dispomos para captar fotografias é uma pequena “fresta” vulgo janela que não permite colocar sequer para o seu exterior a frente da objectiva. No caso, “levei para cima” a Nikon D300 com a Nikkor 24-70mm e para arranjar espaço tive de lhe retirar o pára-sol e encostar a frente da objectiva o máximo possível à pequena abertura quadrada. Claro que, face às facilidades que dispomos num avião como o Cessna 152 II para efectuar fotografia aérea as diferenças são abismais. O ângulo desimpedido para fotografar é reduzidíssimo. Mesmo assim ainda deu para umas quantas fotos…
Curiosamente, já pelo final da tarde, quanto tínhamos de regressar ao centro de Mogadouro onde, na Biblioteca Municipal, se iria realizar a apresentação do Magazine, o tempo estava a melhorar e as cores quentes do final da tarde faziam apetecer ficar mais um pouco pois “agora é que era a altura”…. Fica para uma próxima!
Espero que as fotos despertem o vosso interesse e se sintam também tentados a viajar até Mogadouro e a experimentar!

Agumas fotos do dia (clique p/aumentar):
 Fotografias das Aeronaves


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 Fotografias Aéreas


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 Lançamento do magazine "PLANADOURO"


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Já agora aproveito para mandar um abraço especial a todo o “pessoal” do Centro de Voo à Vela de Mogadouro pela simpatia com que sabem acolher quem os visita!

PS: Osório, sempre consegui estar em casa pelas 9 horas... da manhã! Eh,eh,eh,...