Nikon Nikkor 14-24mm f/2.8 G ED-IF AF-S






Vencedora do prémio “Tipa” (Technical Image Press Association) na categoria de melhor objectiva profissional do ano de 2008, esta Nikkor 14-24mm f/2.8 G ED-IF AF-S faz parte da nova geração de objectivas da marca Nikon. É uma objectiva da série G, o que demonstra que a marca está cada vez mais a apostar na “era digital” porquanto as desta série, por inexistência do anel de aberturas, não podem ser usadas nas mais antigas câmaras de filme (que não tenham possibilidade de regular a abertura do diafragma através da câmara). Também a aposta no revestimento “Nano coating” a que a Nikon chama de “Nano-Crystal Coat” está bem evidente, pelo menos no grande “N” gravado no corpo da objectiva. Já quanto aos seus efeitos na prática… é difícil dizer se esse revestimento, para melhor protecção contra o “flare” e “ghosts” é eficaz ou não, mas quanto ao “flare”, não sei se reduzido ou não, ele continua a existir! Este revestimento óptico faz com que as lentes deixem de ter os tradicionais reflexos de cor azul esverdeada quando vistas à luz passando a parecer muito mais “cristalinas” e sem reflexos que qualquer cor… esta é a teoria….
Pessoalmente, sou mais utilizador de teleobjectivas e objectivas de distância focal “normal”, quer sejam “prime” ou “zoom” do que de grande-angulares. Experimentar e, de certa forma, testar esta foi por um lado uma boa experiência, mas por outro lado um alívio por nunca ter comprado uma sem antes experimentar. Ditas assim as coisas, quase se podia pensar que não é tão boa como seria de esperar. Nada disso! Só que para comprar esta objectiva devemos saber bem o que queremos, designadamente, qual a utilização que predominantemente lhe vamos dar e, não menos importante, quanto dinheiro temos para gastar!!!
A opinião acerca desta Nikkor é dada com base em experiências/testes que efectuei, devendo ter-se em consideração que esta objectiva “Ultra grande-angular” só aproveita todo o seu potencial quando usada em formato FX (24x36mm).
Todavia, todos os testes foram efectuados em formato DX (16x24mm), com uma Nikon D200, pelo que só parte do aqui relatado, designadamente o que não tem a ver com a questão de diferença de formatos, é que pode ser comum e ser, por isso, opinião válida para os dois. Feita esta explicação ou “chamada de atenção”, e se mesmo assim entende que esta é a objectiva que precisa aqui fica a minha opinião que, vale o que vale, claro. Por isso mesmo é que é uma… opinião!


Manuseamento:


O tamanho e o diâmetro desta objectiva dificilmente a deixam passar despercebida. Mal a colocamos na câmara sabemos que estamos perante aquilo que a Nikon de melhor faz na sua gama de objectivas mais elitista… designada para “profissionais”.
O seu tamanho em nada fica a dever à 28-70mm f/2.8 ED-IF AF-S.
Ao lado, e “lado a lado”, temos as duas.
Apesar do seu tamanho e peso, quando acoplada a uma Nikon D200 com punho, que usei para este teste, o equilíbrio é bom. Está dotada do rápido sistema de focagem AF-S que é muito silencioso e muito rápido. Na realidade, em exteriores, numa qualquer rua, mesmo com pouco movimento, é praticamente impossível ouvir o foco a mover-se! Pese embora o sistema de focagem ser o mesmo ainda é mais silenciosa, por comparação, com a acima referida 28-70mm f/2.8!Tão grande, ou melhor, maior ainda que o seu diâmetro, é a tampa. Quando a retiramos, o melhor mesmo é ter um saco onde a colocar pois dificilmente temos bolsos onde ela caiba!

Construção:

Robusta, pesada, e de certa forma simplista. Não existe anel de aberturas (esta objectiva é da série G, o que significa que não pode ser usada, por não ter anel de aberturas, em câmaras mais antigas…. algo que certamente não fará qualquer diferença à quase totalidade dos compradores desta 14-24mm).

Um pormenor curioso é a existência do vedante em borracha com vista a isolar ou diminui a entrada de poeiras entre a câmara e a objectiva pela zona da baioneta.
De resto, quer o anel de focagem quer o de distâncias focais têm um funcionamento suave e preciso (achei quer o anel de focagem, quer o de distâncias focais um pouco mais suave - fácil de rodar - que outras o objectivas da Nikon).
Contrariamente a outras grande-angulares, esta 14-24mm não suporta o uso de filtros, quer na sua frente, quer na sua traseira como é o caso, por exemplo, da Nikkor 16mm f/2.8 Fisheye.
Na realidade, a enorme lente frontal além de não permitir, como já se disse, o uso de filtros obriga ainda, em virtude dos seus 95mm de diâmetro e da sua proeminente exposição, a frequentes e certos cuidados com a sua limpeza. Este “vidro” move-se para a frente e para trás, mas sem rodar, aquando da mudança de distâncias focais encontrando-se mais saliente quando a distância focal seleccionada é de 14mm.
O botão selector AM/M para uma instantânea transição de foco A(F) (foco automático) para M (foco manual) ou optar unicamente pelo modo manual M claro que também lá está!
De toda a tecnologia mais recente aplicada às objectivas Nikkor a única que está ausente nesta 14-24mm é o sistema de estabilização de imagem VR. Mas também, diga-se em boa verdade, o mesmo não é necessário. Com distâncias focais tão reduzidas as velocidades de obturação podem ser bastante lentas sem que as imagens fiquem “tremidas”. Seguindo o principio da relação entre distância focal/velocidade de obturação esta objectiva é capaz, em teoria, de resultados nítidos até 1/14 seg. quando em 14mm (FX)! Pelo menos até 1/15 seg. a 24mm (DX) posso garantir que consegui fotografias nítidas sem grande esforço.

Em utilização:

Um aspecto, positivo, que me surpreendeu foi a pouca distorção de imagem verificada mesmo para uma utilização de fotografia arquitectónica (quando usada devidamente, aproveitando a parte central da objectiva, isto é, ao nível do que queremos fotografar. Se a inclinarmos, perpendicularmente, ao objecto a fotografar a mais de certo ângulo, claro que já se notam distorções de planos - não me refiro ao aparecimento de linhas curvas, pois esse efeito só se verifica nas objectivas denominadas fisheye, mas sim, entre linhas paralelas, à sua convergência). De qualquer modo, não convém esquecer que esta ultra grande-angular passa a ser uma 21-36mm quando usada em formato DX, como foi o caso, pelo que só a parte central das ópticas, menos sujeita a provocar distorções, é que é usada. Por isso, toda a informação aqui constante, no que concerne a distâncias focais tem que ter em conta esse factor.

Já agora, convém esclarecer, para quem ainda não saiba, que existe uma diferença entre objectivas grande-angulares e objectivas fisheye’s no que toca às curvaturas de linhas sendo no caso das segundas (olho de peixe) característico precisamente a distorção das linhas de forma curva e convergente.
Quanto a fotografias de pessoas, nomeadamente quando de muito perto, (a cerca de pouco mais de 30cm, distância já se consegue captar toda uma face de uma pessoa) já não é tão neutra e os resultados, embora não sejam tão “dramáticos” como os conseguidos com as fisheye’s, já contêm, todavia, alguma distorção.
Por outro lado, na minha opinião e este aspecto é muito subjectivo, não me parece ser a melhor opção também para fotografia paisagística. Digo isto porque o seu ângulo de imagem de 114º (FX a 14mm) cerca 95/96º em DX é, mesmo assim, tão amplo que reduz de forma exagerada a cena captada.
Dadas as características desta objectiva o seu campo de aplicação natural será o fotojornalismo e o de fotografia de espectáculos designadamente em espaços pequenos e ainda, claro, a fotografia de interiores de maneira geral dadas as boas características quanto ao aspecto de convergência de linhas supra explanado.

Qualidade óptica:

Recorte extraordinário a todas as aberturas (também não era de esperar menos! Dos 14 elementos ópticos que compõem esta objectiva, 2 são ED (extra-low dispersion) com o intuito de reduzir as aberrações cromáticas e 3 As (aspherical lens) para reduzir a aberrações ópticas tão características das grande-angulares. (Estes elementos ópticos têm uma curvatura não linear de modo a corrigir as cenas/objectos compensando, de maneira diferente, as deformações existentes na imagem no seu centro e nas suas extremidades). Mais uma vez convém lembrar que isto é válido para o formato DX onde só a parte central das ópticas é usada! Provavelmente, se testada em FX, os resultados seriam idênticos, mas como não testei…

Boa saturação de cores.

O que menos gostei:
  • Bokeh (ou “fora de foco ou desfoque” como lhe queiram chamar) – muito confuso o que faz com que não sejam devidamente realçados os motivos que fotografamos (apesar de ter experimentado com diferentes aberturas, não gostei mesmo). Estranhei um pouco este facto e sinceramente estava à espera de algo um pouco melhor. Tanto mais que a abertura desta objectiva é feita através de 9 lâminas que são, ainda por cima, redondas facto que é quase “garantia” de bons desfoques…! Claro que estou mais habituado aos desfoques das teleobjectivas que são sempre mais agradáveis que os de objectivas de menores distâncias focais… mas esperava um pouco melhor.
  • Aberração cromática – Um pouco de tons azuis quando testada em situações limite contra fundos claros.
  • Flare – algo de certo modo considerado “normal” nas objectivas grande-angulares devido ao seu vasto ângulo de imagem. Esta Nikkor 14-24mm não foge á regra, principalmente a 14mm apesar dos revestimentos/tratamentos que esta objectiva tem com vista a minorar esse mal. De qualquer modo é preciso dizer, que nos exemplos aqui apresentados, o “flare” foi, de certa forma, provocado intencionalmente em situações limite ao invés de ser evitado. Não obstante, obter fotografias totalmente isentas de “flare” em dias de sol forte, mesmo que com incidência lateral, obriga a alguns cuidados. (Isto, obviamente, deve-se em parte ao desenho do parasol que permite a passagem de maior quantidade de luz pela sua parte lateral que nos topos de cima e baixo).
  • Uso com flash da câmara – mais uma vez, e não obstante o facto do uso de flash com grande-angulares nem sempre ser simples (ás vezes pelas próprias limitações de ângulo dos próprios flashes) esta nikkor 14-24mm é decididamente destinada ao uso com flash externo. Sendo usada com o flash integrado na câmara, o enorme diâmetro frontal da mesma, provoca sombras.

Alguns exemplos:





  1. @ 14mm – f/7.1 – 1/125 seg.
  2. @ 14mm – f/7.1 – 1/400 seg.
  3. @ 24mm – f/7.1 – 1/400 seg.
  4. @ 14mm – f/7.1 – 1/320 seg.
  5. @ 17mm – f/7.1 – 1/250 seg.
  6. @ 24mm – f/20 – 1/40 seg.
  7. @ 24mm – f/7.1 – 1/400 seg.
  8. @ 24mm – f/8 – 1/320 seg.
  9. @ 14mm – f/8 – 1/320 seg.
  10. @14mm – f/2.8 – 1/5 seg.
  11. @14mm – f/2.8 – 1/5 seg.
  12. @24mm – f/8 – 1/200 seg.
Alguns comentários aos exemplos:
  1. relação medição/equilíbrio de luz entre claro/escuro
    Boa capacidade de equilíbrio de luz mesmo com alguns Ev’s de diferença entre tons claro/escuro
  2. correcção de linhas paralelas a 14mm
    Pareceu-me sempre mais correcto este factor a 14 do que a 24mm. Reparar também no “flare”
  3. correcção de linhas paralelas a 24mm
    O mesmo exemplo da anterior, desta vez, a 24mm. Quanto ao “flare” constata-se, a esta distância focal e nas mesmas condições, a sua inexistência.
  4. demonstração de “flare” em casos extremos
    Nesta fotografia a luz era lateral e é, claro, um exemplo extremo
  5. verticalidade de linhas ao centro e “flare”
    O “flare” em condições de luz intensa é um pouco difícil de controlar, surgindo, se não houver alguns cuidados com relativa frequência
  6. desfoque ou “bokeh”
    Este foi, sem dúvida alguma, o aspecto que menos me agradou e que mais me desiludiu, nesta objectiva. Apesar de se tratar de uma ultra grande-angular esperava melhor. Os desfoques, a várias aberturas que experimentei são confusos e pouco agradáveis visualmente. Se por um lado, a aberturas pequenas, como é o caso desta fotografia, o desfoque é pouco intenso e atractivo, por outro lado, a aberturas grandes o mesmo é, como já referi, muito confuso. Acresce ainda que, quanto mais próximo estiver, a plena abertura, a zona de desfoque da zona em foco ou nítida menos agradáveis este são!
  7. demostração da aberração cromática-tons azuis
    Nada de preocupante e só notória em casos que considero “normais” como em situações de claro/escuro
  8. verticalidade de linhas nos cantos a 24mm
    Bom contole
  9. verticalidade de linhas nos cantos a 14mm
    Igual à anterior
  10. interiores – exemplo de amplitude de verticalidadeUma das melhores facetas desta objectiva! Para dar a noção de amplitude de imagem que a mesma é capaz de captar refiro que o “Hall” da fotografia é um espaço com cerca de 5m2. E cabe todo na imagem! Reparar também na excelente capacidade de verticalidade das linhas. Realmente fantástico, mesmo tendo em conta que significam no exemplo 21mm!
  11. interiores – quando usada indevidamente
    Só coloquei esta imagem para demonstrar que, com a mesma distância focal e no mesmo espaço, os resultados obtidos, se não soubermos usar devidamente esta objectiva, podem ser realmente maus.
  12. capacidade de recorte e definição de imagem
    O “crop” a 100% fala por si! Mais refiro que a imagem foi captada sem grandes cuidados e sem recurso a tripé ou outro qualquer meio de estabilização da câmara.
Em suma:

Uma excelente, mas muito específica, objectiva.

Todas as suas características apontam para que seja a companheira ideal para fotojornalismo. Todavia, e também face ao seu preço, comprar uma objectiva destas deve fazer-nos pensar duas vezes.
Ter uma Nikkor destas provavelmente não estará ao alcance de muitos e o seu aproveitamento dependerá do tipo de fotografia que fazemos. Mas daquilo que me pareceu e pelas experiências que fiz, mesmo numa câmara de formato DX com a qual é perfeitamente compatível (ficando, neste caso, a ser uma 21-36mm), para uma utilização geral, cerca de 80% ou mais das vezes provavelmente vamos usa-la a 24mm. Claro que isto é baseado no tipo de fotografia e gostos de cada um e esta opinião não foge à regra. É baseada no tipo de fotografia GERAL que faço e não para meia dúzia de situações especiais! Por isso, para quem puder dispensar a gama de distância focais entre os 14 e os 23mm poderá ponderar a hipótese de optar, dentro duma gama “profissional” pela, quanto a mim, mais versátil 24-70mm f/2.8.
Por outro lado e caso pretendamos efectivamente uma objectiva que cubra um maior ângulo poderemos sempre ponderar outras opções dependendo do que podemos e queremos despender. A partir dos 18mm e tratando-se de objectivas “zoom” as opções já são várias desde a genérica 18-200mm f/3.5-5.6 G VR ED-IF (DX); 18-35mm f/3.5-4.5 ED AF-D; as económicas 18-55mm f/3.5-5.6 G II AF-S (DX) ou o modelo igual com VR, etc.
Para quem precisar mesmo duma grande angular mas que ainda use o sistema DX tem ainda duas opções: a 12-24mm f/4 ED-IF AF-S ou a nova 10-24mm f/3.5-4.5 G ED AF-S qualquer uma delas mais acessível que a “rainha”e premiada “zoom”aqui em causa.


Qualidade Óptica
★★★★★
Qualidade de Construção
★★★★★
Versatilidade
★★★☆☆
Manuseamento
★★★★★
Valor
★★★★★

2 comentários:

Anónimo disse...

ola. estou en duvida entre duas objetivas da nikon.
a 10-24mm uma grande ocular .e a 14-24mm..
li o que voce postou sobre a 14-24mm mas ela e muito cara sendo que a diferensa emtra as duas sao poucas...
qual sua opiniao?

José Loureiro disse...

A questão de saber se vale ou não a diferença de valor entre uma e outra, está dependente duma série de factores… entre os quais o tipo de utilização que lhe vai dar e se justifica o preço a pagar…
No entanto, excluído a questão da diferença da qualidade óptica e de construção entre a Nikkor 10-24mm e a 14-24mm existe uma diferença básica entre as duas: Uma (a 10-24mm) é uma objectiva que só pode ser utilizada em câmaras com sensor de formato DX e a Nikkor 14-24mm é uma objectiva para câmaras FX. Esse pormenor implica uma melhor e mais cuidada construção e montagem dos elementos ópticos. Esse é um dos principais motivos pela tão grande diferença de custo!