Nikon Nikkor 16mm f/2.8 AI - Fisheye







Geralmente costumo realizar testes às objectivas acerca das quais emito opinião. Inevitavelmemente, um deles consiste na avaliação da sua resolução óptica através de testes de gráficos efectuados em estúdio. Desde já digo que em relação a esta Nikon Nikkor 16mm f/2.8 Fisheye nem sequer me preocupei muito com isso...  a qualidade de imagem é globalmente boa, mas também quem é que se importa verdadeiramente com esse facto...? Não é suficiente saber que distorcem as imagens? Para quê o preciosismo de saber se as distorcem com bom recorte...?
Esta Nikon 16mm, tal qual todas as objectivas Fisheye, são destinadas a usos muito pontuais para libertar o nosso espírito criativo e/ou para puro divertimento! Pelo menos assim serão quando usadas no formato FX. Em formato DX podem na mesma ser usadas mas o ângulo de imagem não é tão relevante. Tornam-se em objectivas com uma distância focal equivalente a 24mm passando o ângulo de cobertura de imagem dos 180º para 84º.
Bom, desde logo, as deformação em forma de barril - principalmente em relação aos planos verticais quando usadas em formato DX- é um das características mais marcantes deste tipo de objectivas. Aliás o nome "Fisheye" (Olho de peixe) diz tudo... Diferem das chamadas objectivas Grande-angulares por isso mesmo. Contrariamente, estas últimas (Grande-angulares), não distorcem em forma de barril a imagem pois estão preparadas precisamente para corrigir esse tipo de deformação.
Contudo esta característica das Fisheye (distorção) pode até, certo ponto, ser controlada/doseada a gosto do utilizador. Ou seja, as Fisheye desenvolvem menos deformação quando utilizadas de modo a centrar as linhas (quer verticais, quer horizontais), sempre que possível, no meio do fotograma. Já numa utilização em cenários com elementos curvos a deformação será, obviamente, menos visível.
No entanto, em abono da boa verdade, há que dizer que com um uso controlado (tendo em conta o que acima ficou dito) estas 16mm f/2.8 Fisheye acabam por conseguir, em certas situações substituir uma grande angular como, de resto, mais abaixo poderemos ver... Se a intenção for a de utilizar estas 16mm com câmaras de formato de sensor DX e conseguir efeitos verdadeiramente dramáticos ou distorções exageradas... esqueçam! Não vão conseguir!

Abaixo podem verificar as diferenças de distorção existentes entre os dois tipos de objectivas referidos (Grande-angulares vs Fisheye):


Em todo o caso, com pouco trabalho, em posterior edição caso queiramos, podemos corrigir grande parte da deformação das imagens típica desta Fisheye convertendo-as em imagens bem mais próximas do resultado conseguido com uma verdadeira objectiva grande-angular como, por exemplo, com a espectacular (...e bem mais cara) Nikkor 14-24mm f/2.8 G, cujo teste podem ver aqui (abre em novo Link).

Em baixo fica um exemplo do que acabo de dizer...
Passem alternadamente o cursor sobre a imagem (em baixo) para comutar entre a imagem original tal como foi fotografada com uma câmara Nikon D2x e com esta objectiva Nikkor 16mm f/2.8 para a mesma imagem devidamente corrigida depois de editada:





Após a edição, a redução do ângulo de cobertura original é notória mas, mesmo assim, esta Fisheye não deixa de proporcionar imagens com uma óptima amplitude angular!

 Manuseamento: 
Preciso. A focagem, neste tipo de objectivas, é extremamente fácil. Existe apenas alguma possibilidade de errar a focagem com objectos a menos de 2 metros de distância pois a partir daí a focagem faz-se rodando na totalidade (ao infinito) o anel de focagem! Antes dessa distância e entre a mínima (0.30m) temos intervalos nos 0.40m; 0.6m; e  1m. Ou seja, o curso do anel de focagem é muito pequeno o que torna a focagem, mesmo sendo manual, fácil e rápida.
Quanto ao anel de aberturas (a menos que seja característica do modelo testado) achei-o um pouco "preso" ao comutar entre os vários f/stops.... nada de relevante mas comparativamente a outras objectivas de foco manual como, por exemplo, a Nikkor 50mm f/1.4 é menos suave exigindo mais força para rodar.

 Qualidade Óptica: 
Mesmo sem testes de gráfico, dá para constatar o bom recorte de imagem destas pequenas Nikkor 16mm Fisheye! Claro que quando visualizadas as imagens a 100% encontraremos diferenças entre a definição do centro da imagem e dos cantos... Essa diminuição de recorte nos cantos é mais notória nas aberturas mínimas e máxima. A f/5.6 ou f/8 a qualidade geral é francamente mais que aceitável.
"Fall Off" (escurecimento dos cantos da imagem) - praticamente inexistente em quase todas as aberturas.
Reflexos: Muito bem controlados. Mesmo em situações mais propicias ao seu aparecimento os reflexos são reduzidos .
Contraste: Globalmente bom. Apenas se poderá dizer que é algo "soft" se comparado com os actuais padrões das objectivas mais recentes. Aliás, exceptuando casos pontuais, esta é uma característica comum a quase todas as objectivas de construção "mais antiga".
Cor: Excelente!

 Construção: 


Robusta! O peso só não é maior devido ao pequeno tamanho que tem esta Nikon 16mm fisheye.
Pelo menos para durar aí uns 100 anos...! Neste concreto modelo até a tampa frontal é em metal!




 Uso com filtros: 
Infelizmente, esta objectiva (com pára-sol integrado) impossibilita por completo o uso dos tradicionais filtros de rosca na frente da mesma. No entanto, na sua parte traseira, existe a possibilidade de "troca" de filtros. Claro que não podemos utilizar polarizadores mas sim outros tipos de filtros como, por exemplo, de "aquecimento" (transmitem tons quentes - amarelados) ou"arrefecimento" (tons frios - azulados). No entanto são filtros específicos da marca para este modelo de objectiva e que vem fornecidos com a mesma. Por defeito, deve usar-se sempre um deste filtros montados na retaguarda da objectiva a fim de obter melhores resultados. O mais "neutro" será o L1 Bc, um filtro "Skylight", que deve estar sempre montado!


 * Algumas imagens captadas com a Nikon 16mm f/2.8 Fisheye: 





* Imagens sem qualquer edição além do seu redimensionamento.
Câmara usada: Nikon D2x (Sensor formato DX)

 Em suma: 
Uma pequena objectiva vocacionada a uma utilização muito específica capaz, todavia, de apaixonar os mais criativos - principalmente se utilizada com câmaras de formato FX. No entanto, face ao preço, é daquelas aquisições que devem ser bem ponderadas pois poderão não justificar o valor gasto...

Qualidade Óptica
★★★★
Qualidade de Construção
★★★★★
Versatilidade
★★☆☆☆
Manuseamento
★★★☆☆
Valor
★★★★

Aos eventuais interessados em adquirir este tipo de objectivas (ou outras), aproveito a ocasião para anunciar uma recente parceria efectuada com a loja “Sítio do Cano Amarelo”.
Nesta loja,  poderão encontrar bastante equipamento fotográfico “vintage” nomeadamente a objectiva testada cujo anúncio e preço podem ver aqui (abre em novo Link).

3 comentários:

mfc disse...

Explicações preciosas!
Obrigado.

Nuno Brandão disse...

A foto do interior da mina está entre a foto do complexo de Regoufe e uma foto da aldeia de Rio de Frades, mas onde foi tirada a foto?
Abraço.

José Loureiro disse...

Foi tirada no complexo de Regoufe nas proximidades do edifício que se vê ao fundo na primeira foto.