Há tempos atrás, durante uma visita à oficina dum técnico reparador de equipamento fotográfico, descobri e revivi algumas câmaras "de tempos idos" que me chamaram a atenção.
Entre a panóplia de dezenas de câmaras que por lá se encontravam, representativas de distintas épocas, de variados modelos e marcas, e que se "espalhavam amontoadas por todos os cantos" encontrei esta preciosidade: Uma "No. 1 Pocket Kodak Series II"!
Trata-se duma câmara com "belows" produzida pela Eastman Kodak entre os anos de 1922~1932. Bem, bem antiga! Até ao momento é a câmara mais antiga das que alguma vez mencionei neste espaço!! A outra, que até aqui havia mencionado (uma câmara que cheguei a utilizar), foi produzida pela marca concorrente, entre os anos de 1945~1949: a Agfa Billy Record 4.5 Apotar - Prontor-S
Voltando à "Kodak No. 1 Pocket, Series II", foi produzida com duas variantes de objectivas consideradas, na altura, "rápidas": as Anastigmat f/6.3 ou f/7.7!
Mas, no seu tempo, já permitia uma coisa que, actualmente, ainda nem todas as câmaras permitem: A faculdade de "integrar" apontamentos na fotografia!
Hoje em dia, essa função (tipo memorando) é assegurada através de gravação por voz. No século passado usavam... caneta!
Pois é! Uma das particularidades desta câmara era permitir escrever alguns apontamentos directamente na película. Para isso era necessário utilizar rolos próprios que eram revestidos com uma protecção de papel na sua retaguarda (a parte que ficava virada para a traseira da câmara).
Dessa forma, o local onde se tinha captado a foto ou outro qualquer apontamento como os dados relativos à própria exposição podiam ser "escritos" nesse negativo. Como? A câmara possuía uma caneta própria para o efeito encastrada no corpo. A escrita era feita através duma pequena abertura/ranhura estreita e alongada existente na traseira da "Kodak No.1, Séries II" denominada "Kodak Autographic Door" que se abria expondo o revestimento do negativo que, depois de escrito e exposto alguns segundos à luz, (entre 2 a 15) dependendo da luminosidade existente, "gravava" a informação na película. Na realidade, aquilo que se fazia não era mais que expor a parte da película na qual o revestimento estava "danificado/riscado" pela escrita, à luz.
Mas isto é somente uma curiosidade... já agora, falando em "curiosidades", reparem (em baixo) no anúncio publicitário referente à Kodak No.1A, Séries II. Fiz alguma pesquisa e, para espanto, descobri que, na altura em que a câmara foi lançada, se comprava um Ford T "modelo TT" novo por cerca de $290! Significa isto que, apesar de terem sido fabricadas muitas destas câmaras, a sua compra devia estar limitada a muito poucas pessoas! Isso faz-nos pensar no quão acessível é, nos nossos dias, a fotografia!
Infelizmente a "cotação" destas câmaras (para colecção) não é grande coisa... Pena! Pois já estava a pensar arranjar para aí uma dúzia delas e trocá-las por um "velho Ford T"...!
Infelizmente a "cotação" destas câmaras (para colecção) não é grande coisa... Pena! Pois já estava a pensar arranjar para aí uma dúzia delas e trocá-las por um "velho Ford T"...!
Especificações:
No.1 Pocket Kodak, Series II
Ano de produção: 1922-1932
Objectiva: Anastigmat f/6.3 ou f/7.7
Distância focal: 105mm (ou 108mm?)
Obturador: Diomatic (Eastman-Kodak)
Vel. de obturação: 1/25; 1/50; 1/100 seg. e Bulb ou (consoante o obturador montado) 1/10; 1/50; 1/100; 1/200 seg. e Bulb
Aberturas de diafragma: 4 variações de f/stops de possíveis
Película: 120 (formato 6x9)
2 comentários:
Simplesmente soberba a máquina... e a explicação!
Brevemente teremos aqui no Blog artigos acerca doutras “relíquias do passado”!
Uma dessas “relíquias”, outra Kodak, ainda mais antiga que esta.... de cerca de 1915!
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