A ideia deste artigo surgiu face a diversos emails que tenho recebido onde são colocadas algumas dúvidas referentes a sensores sujos.
Bom, primeiro que tudo convém saber o que é um sensor duma câmara fotográfica, onde o mesmo se situa e até que ponto está vulnerável a poeiras.
Contrariamente à ideia que muitas pessoas têm (ao que me tenho apercebido), os sensores das câmaras, apesar de serem um dos componentes mais sensíveis das mesmas, não estão assim tão acessíveis às poeiras ou até a “riscos” como já me perguntaram.
Mas, com o decorrer do tempo e com a habitual troca de objectivas, designadamente em sítios poeirentos, é normal que, embora protegidos, os sensores se sujem.
Contudo, se nunca notaram nada de anormal nas vossas fotografias e depois de efectuar o teste que a seguir indico, “descobrirem” que tem o sensor sujo não fiquem preocupados e, muito menos, façam logo uma limpeza só por isso! Estou a referir-me, neste caso às limpezas efectuadas com espátulas e líquidos específicos. Quanto menos vezes tivermos que limpar o sensor melhor! Mesmo com algumas partículas de sujidade, como as assinaladas a vermelho no exemplo, as fotografias dificilmente revelarão algo a menos que sejam usadas aberturas de diafragma pequenas como foi o caso da foto ao lado onde foi usada uma abertura de f/36 com o propósito de evidenciar os efeitos dum sensor sujo!
(Clique na imagem para aumentar)
Agora, tal como se refere no título:
Como saber ou verificar se o sensor da nossa câmara está ou não sujo e qual o grau dessa “sujidade”?
Vou referir dois distintos processos que permitem verificar o grau de sujidade do sensor.
Primeiro que tudo, é preciso ter a noção que a “sujidade” existente nos sensores é formada por pequeníssimas partículas de pó praticamente invisíveis a “olho nu”!
Assim sendo, como é que podemos então tornar visíveis essas partículas?
Precisamente através duma fotografia. Mas não uma fotografia captada de qualquer maneira. Precisamos regular a exposição de maneira a “mostrar” essas pequenas partículas!
Dito isto, o método mais simples e imediato de fazer esta verificação é simplesmente captar uma foto dum cenário homogéneo. Uma parede branca, um céu, …
Mas, ao captar a foto com o intuito de serem visíveis as partículas existentes no sensor só o conseguiremos de uma maneira: Usando a mínima abertura possível da objectiva (regra geral f/22 ou mais se tal for possível, como exemplificado em cima).
Outro aspecto importante é o facto da "sujidade" ser mais facilmente detectada se não se confundir com nada do cenário fotografado. Por isso, utilizar a focagem manual, de modo a desfocar propositadamente a foto e/ou ao mesmo tempo mover a câmara durante a captura, ajuda a homogeneizar o fundo e realçar estas partículas que ficam imóveis no mesmo sítio do sensor.
Este foi o método usado nas fotos de demonstração e é um pouco mais complexo. Porém, com algumas tentativas, permite visualizar e aferir com mais rigor o grau de sujidade existente no sensor.
Também para usar este método começamos por regular a nossa câmara, propositadamente, para esse efeito.
Desta vez seleccionamos o modo de exposição manual (M).
Depois disso, regulamos a câmara para exposições a tempo (Bulb). De seguida, tal como no primeiro método, utilizamos a mínima abertura possível da objectiva (este aspecto é importante, pois usando aberturas maiores nunca conseguiremos detectar qualquer sujidade).
Em função da luminosidade existente, mantendo pressionado o obturador durante uns segundos (pode variar, 1,2,3,4 ou mais, dependendo se o fazemos numa área exterior com muita luz ou, pelo contrário, no interior de casa com pouca luz), fotografamos por exemplo uma folha de papel branco ou uma parede. Ao mesmo tempo durante a exposição movemos a câmara, tal como descrito no primeiro método. Cabe aqui referir que quando, em cima, disse “com algumas tentativas” pretendi alertar que é provável que não consigamos um excelente resultado em termos de visualização à primeira… caso exponhamos de mais ou de menos só veremos uma foto totalmente “queimada” ou, pelo contrário, totalmente escura não sendo, por isso, diferenciáveis quaisquer partículas de sujidade.
Para aqueles que estejam menos familiarizados com o funcionamento do sistema de captação de imagens nas câmaras fotográficas reflex digitais - SLR-D - (diga-se que idêntico ao das câmaras analógicas com a diferença que, em vez do sensor e em seu lugar estaria o filme) deixo aqui uma breve ilustração demonstrativa da localização do sensor nas câmaras e, ao mesmo tempo, como se processa a captação de imagens:
Como apontamento final e para tranquilizar os mais preocupados com esta questão da sujidade, posso referir que algumas câmaras vêm, inclusivamente, do fabricante (ou pelo menos da loja revendedora) já com poeiras no sensor…! Por outro lado, com certos cuidados (evitando poeiras) e limpando regularmente o sensor com um soprador (este é o método de menor risco para o efeito, pese embora não seja o mais eficaz) poderemos evitar ter de usar métodos de maior risco, mais complicados e mais caros para sanar o problema!
Uma dica muito rápida para quem quiser tentar eliminar poeiras do interior da câmara recorrendo ao soprador:
(Limpeza do Sensor, Espelho e Ecrã de focagem)
1º - Colocar a câmara em “Bulb” (ou através do ”Menu” na configuração específica para limpeza do sensor);
2º - Carregar no obturador mantendo-o pressionado durante o processo de limpeza (ou, para ser mais cómodo, recorrendo ao cabo disparador mantendo-o activo) sustentando a câmara com a frente virada para baixo (desta maneira estaremos ajudando as poeiras a sair em vez de somente se espalharem).
O mesmo procedimento pode (e deve) ser efectuado regularmente para a limpeza do espelho da câmara;
3º - SEM TOCAR no sensor, utilizar o soprador com vigor (este tem necessariamente de ser de grandes dimensões pois, caso contrário, nada fará).
4º - Desligar a câmara, montar uma objectiva e verificar, de novo, o grau de sujidade.
Caso a mesma persista pode repetir-se o processo.
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Se, eventualmente, este método simples de limpeza não resultar e o grau de poeira esteja, de facto, a afectar a qualidade de imagem torna-se necessário recorrer a outros métodos… pincel de limpeza, cotonetes e líquidos específicos para o efeito (devendo, neste caso seguir-se as instruções do produto que comprarmos) ou, até mesmo, entregando a câmara para limpeza…