Peixe-galo (Selene vomer)
Nikon D300 + Nikkor 24-70mm f/2.8
(@ 24mm, f/2.8, 1/50 seg., ISO 3200)
Quem vai seguindo este blog certamente que já se apercebeu que não sou propriamente adepto da utilização de valores de sensibilidade ISO elevados em fotografia mas... há alturas em que não restam alternativas!
Há dias fui (diga-se que pela primeira vez) visitar o Sea Life do Porto. Como já sabia de antemão mais ou menos as condições de luz do dito aquário estive mesmo para deixar a câmara fotográfica no carro.
Em todo o caso, lá resisti à tentação e, de certa maneira, embora as fotografias não estejam tão bem quanto queria foi uma óptima oportunidade para testar a capacidade e a qualidade das imagens obtidas pela Nikon D300 a 3200 ISO. Isso mesmo! 3200!!
Peixe-anjo
Nikon D300 + Nikkor 24-70mm f/2.8
(@ 24mm, f/2.8, 1/320 seg., ISO 3200)
Com as condições de luz existentes no interior do Sea Life esta é a única maneira possível de fotografar os peixes. E diga-se que fiquei positivamente surpreendido com os resultados! Quando acima disse que as fotos poderiam estar melhores referia-me não ao valor de sensibilidade (ISO) usado mas sim à falta de estabilização. É que mesmo com este valor ISO e uma abertura de f/2.8 as velocidades de obturação que se conseguem são muito lentas. Ah... aproveito para referir que as fotos foram todas captadas sem recurso a tripé ou outro qualquer meio de estabilização.
Peixe-dragão
Nikon D300 + Nikkor 24-70mm f/2.8
(@ 24mm, f/2.8, 1/50 seg., ISO 3200)
Esta, era uma das situações em que, à partida, parecia pura estupidez estar a gastar tempo a fotografar em situações de luz tão escassas sem qualquer sistema de estabilização ou iluminação suplementar. E de certa maneira era mesmo caso não fosse a ajuda da tecnologia. Refiro-me à extraordinária capacidade de algumas das actuais câmaras que conseguem captar fotografias usando valores de sensibilidade altos (ISO) mantendo ao mesmo tempo alguma qualidade de imagem no que toca ao nível de ruído, definição e cor. Caso não possuamos uma destas câmaras, os resultados só serão minimamente satisfatórios se tivermos alguns cuidados... e um deles é, precisamente, o uso de tripé uma vez que não podemos, nem devemos, usar flash. Pode parecer um pouco pretenso ir visitar um aquário e levar atrás de nós uma serie de equipamento.... eu gosto de ser o mais discreto possível...:) Desde sempre o tentei ser... Lembro-me que sempre que combinava, entre amigos, fazer um piquenique e em que cada um, "logicamente", contribuía e levava algo para a ocasião eu era sempre o que dizia que levava as formigas....! (como costumo dizer: "Piquenique sem formigas não é piquenique!"). Mas, agora um pouco mais a sério, das duas uma... ou vamos apenas ver e, nesse caso esqueçam as câmaras compactas com programas automáticos ou mesmo SLRD nesse mesmo tipo de programas ou, por outro lado, se queremos trazer umas fotos dalguns dos magníficos peixes que por lá podemos ver temos, "obrigatoriamente", de fazer as coisas certinhas e, para isso, vamos carregados e com tempo... Eu fui, desta vez, no grupo de "turistas" da primeira espécie! O que quero dizer com isto é que não estive para praticar desporto, designadamente aquele em que se "carregam" pesos, nem sacrifiquei as "costinhas", com os quase 3Kg que pesa o meu tripé! Todavia, verifiquei que é possível captar, com algum tempo e certos cuidados, fotografias decentes a 3200 ISO! E (ISO) para mim foi uma boa notícia!!! Espantei-me, de facto, com a qualidade das imagens saídas da câmara!!! Com um pouco de pós-produção em CS, mesmo sem recurso e filtros redutores de ruído na imagem, certamente que para pequenos tamanhos de impressão podemos utilizar os ficheiros produzidos...
Peixe-cofre (Ostracion meleagris)
Nikon D300 + Nikkor 24-70mm f/2.8
(@ 40mm, f/2.8, 1/30 seg., ISO 3200)
Em todo o caso, não pensem que “esta coisa” de se usarem valores ISO elevados é a solução para todos os problemas no que toca a conseguir captar fotos em locais com pouca luz. De facto, ajuda muito mas devemos ter sempre em conta que a fotografia consiste na captura de luz e sem ela….
Por isso, as fotografias ainda não fazem justiça à beleza e profundidade de cores que, ao vivo, os peixes tem! Dá para aproveitar alguma coisa o que, dadas as condições de luz em que foram captadas as fotos, é algo já verdadeiramente formidável! Há uns anos atrás se tivesse fotografado este aquário nas mesmas condições provavelmente tinha gasto somente rolo, tempo e dinheiro!
Bom, que utilizei os 3200 ISO para captar todas as fotos já o disse. Depois, quis testar um pouco mais e, na realidade, ainda fiz uma ou outra experiência a 6400 ISO… mas (ISO) foi mesmo para esquecer! Os 3200 ISO foram o limite. É um valor que considero mais que honesto e que é, sinceramente, melhor do que poderia esperar superando, sem dúvida, as minhas expectativas!
Tubarão-de-pontas-negras; Raia-focinho-de-vaca; Caranguejo-ferradura
Nikon D300 + Nikkor 24-70mm f/2.8
(@ 24mm, f/2.8, 1/250 seg., ISO 3200)
Já agora explico aquela que, pessoalmente, entendo ser a melhor maneira de regular a câmara (e) para fotografar neste tipo de situações:
- Usar flash está fora de questão! Além de proibido só irá piorar as fotografias. Como estamos a fotografar entre vidros um dos problemas são os reflexos. Por isso, devemos utilizar o máximo de sensibilidade possível da câmara (sem criar ruído em excesso). No caso da Nikon D300 penso que ficou aprovada a utilização, com alguma perda claro, até aos 3200 ISO;
- Usar a máxima abertura possível da objectiva que dispomos. No caso f/2.8. Mesmo assim as velocidades de obturação conseguidas vão ser baixas...;
- Não "carreguem" no botão obturador "a torto e a direito". Esperar que os peixes se habituem a nós e à câmara pode demorar um pouco mas o segredo está em aproveitar a altura em que passam mais devagar diante de nós!
- Método de exposição: "Prioridade á Abertura". É mais prático nestas situações que o modo "Manual". Claro que os programas totalmente "Automáticos" são para esquecer...
- Medição de luz: Varia de situação para situação mas a mais fiável, mesmo assim, é a medição "Matricial". Certas espécies de peixes, pelo brilho que emitem, não se conseguem fotografar correctamente com nenhum dos modos possíveis de medição de luz sem acertos de compensação de exposição... mesmo assim ficamos com uma espécie de compromisso entre a exposição correcta ao peixe e ao restante cenário...
- Ainda com o intuito de eliminar reflexos deve aproximar-se o máximo ou até, se possível, enconstar-se a câmara ao vidro dos aquários. Além de diminuir os reflexos contribuirá também para atenuar nas fotos a visibilidade dos riscos e sujidade existentes no vidro.
- Se a objectiva que usarem tiver pára-sol coloquem-no! Não, não é para eliminar os indesejados raios de sol! É para eliminar a luz dos projectores que interfere na correcta medição de luz efectuada pela câmara e ainda porque é uma boa maneira de conseguir alguma estabilização extra. Como??? Caso estejamos a tirar fotografias à mão sem tripé, ao encostar o pára-sol da objectiva ao vidro do aquário e simplesmente colocando a nossa mão à volta dele segurando-o contra o vidro reduzimos bastante as vibrações.
- ... por falar em objectiva, a mais indicada será uma Zoom "normal" ou uma grande-ângular.
- Nestas situações, posso aconselhar fotografar em RAW. Vai permitir recuperar melhor as altas luzes e as sombras. Além disso corrigir em pós-produção o Equilíbrio de Brancos (temperatura de cor) torna-se mais fácil. E este é um "acerto" práticamente inevitável pois as fotos tendem, na maior parte dos casos, naturalmente para a predominância de tons azuis.
- Por último, deixem a preguiça em casa (algo que eu não fiz... mas é sempre mais fácil dizer que fazer...) e levem um tripé! Não vi em lado algum a indicação que não era permitido o seu uso e certamente possibilitará a captura de melhores fotos que as dos exemplos...!
Raia
Nikon D300 + Nikkor 24-70mm f/2.8
Nikon D300 + Nikkor 24-70mm f/2.8
(@ 24mm, f/2.8, 1/50 seg., ISO 3200)
* Nota: Na pós-produção não tive o cuidado de eliminar um dos "inimigos" deste tipo de fotografia: Os riscos existentes nos vidros do aquário. Embora isso seja fácil, a ideia foi transmitir o aspecto que provocam nas imagens...
Tanque principal do Sea Life
... e vale bem a pena uma visita com tempo ao Sea Life. Aproveitem para incluir no preço pago para o visitar a possibilidade, também, de fotografar peixes pouco vulgares (algo que nos dias de hoje já não é permitido em todo o lado)...
PS: Se houve por aí alguém que queira ajudar e que saiba as ID's dos peixes em falta... "A gerência agradece" :)
Peixe-galo (Selene vomer)
Nikon D300 + Nikkor 24-70mm f/2.8
(@ 24mm, f/2.8, 1/50 seg., ISO 3200)