Objectivas e filtros – Como e com que limpar?

Tudo o que é necessário...


Uma vez que neste espaço se tem falado várias vezes acerca de objectivas e filtros achei oportuno abordar aqui também um assunto relacionado: A sua manutenção.
A qualidade das imagens que o material óptico proporciona está dependente não só das suas qualidades intrínsecas mas também do seu estado de conservação. Uma objectiva manchada de dedadas e gordura no seu elemento frontal ou posterior certamente que não permitirá obter os mesmos resultados como se estivesse limpa. É precisamente sobre esse assunto que hoje vou falar.

Os métodos e materiais destinados à limpeza das ópticas das objectivas e de filtros que podemos utilizar são vários. Cada um deles tem as suas vantagens e desvantagens podendo, inclusive, ser um bom ou mau processo. Tudo depende de como e por quem é usado!
Dito isto, e sabendo de antemão que cada qual deve usar o método e materiais com que se sinta mais “à vontade” vou falar do que, pessoalmente uso há… séculos!
Na verdade é um misto de processos de limpeza ordenados por uma certa sequência, ou não, dependendo do grau de “sujidade” do que tenho que limpar.

Basicamente tudo o que necessito é o que vêem na imagem:
• 1 soprador Giotto (o maior que existe, uma vez que serve também, até certo ponto, para retirar poeiras do espelho e sensor da câmara);
• 1 pincel de pelo macio que, de preferência claro, não solte pêlos;
• 1 pano de micro-fibras (por exemplo, aqueles lenços oferecidos nos oculistas próprios para limpeza das lentes dos óculos);
• lenços de papel de limpeza de lentes (uso da kodak, mais à frente explico o porquê);
• e por último líquido próprio para limpeza de lentes, também da Kodak.

Primeiro que tudo convém referir que nem sempre que “limpo” uma lente uso toda esta panóplia de materiais!
O ideal era nem sequer termos de limpar lentes. Por isso, quanto menos “sujidade” acumularem mais fácil será a limpeza. É isso que tento fazer. Recorrendo a limpezas frequentes, designadamente após uma utilização em sítio onde exista poeira, basta por vezes utilizar o soprador. Se as poeiras estiverem somente “pousadas” nas lentes e não coladas, nem existir gordura (de terem sido tocadas inadvertidamente por dedos), este processo resolve a questão!
Caso exista alguma poeira um pouco mais “agarrada” mas mesmo assim não exista “gordura” nem manchas o pano de micro-fibras, usado ao de leve (quase que só tocando a lente) após umas sopradelas com o Giottos resolverão o assunto. Por falar em sopradela… sendo daquelas feitas pela nossa boca, como muitas vezes temos tendência de o fazer “para desenrascar”, elas são um dos motivos que, em objectivas menos seladas, podem levar ao aparecimento de fungos! Pelo que, para os perfeccionistas, esqueçam a “velha” sopradela e a limpeza à camisola! Adiante… o pincel! Ah!... esse serve unicamente para retirar alguma poeira existente nos bordos da lente ou filtro que “teime” em não sair com o soprador.
Caso, depois de efectuados os procedimentos acima, ainda reste alguma sujidade (manchas de gorduras ou outras motivadas por exposição em ambientes húmidos ou com alguma salinidade) passo à limpeza mais profunda. De qualquer forma e mesmo que se pretenda, desde logo, recorrer a este ultimo método ele só deve ser iniciado após realizados os anteriores. Caso se utilizem os lenços de papel sem previamente remover a maior quantidade de poeiras estaremos a “riscar” a lente!

Há quem não simpatize com este método de limpeza, com papel e líquido, mas feito com a devida suavidade e paciência considero os resultados bons. Mas, tal como disse no início, cada método de limpeza pode ser bom ou mau dependendo de como e por quem é usado!
O líquido e os lenços de papel que uso, como já o referi são da Kodak por um motivo… tenho-os há “séculos” e nunca mais acabam!

De cada vez que é necessário recorrer a este tipo de limpeza basta uma gota do aludido líquido e um lenço de papel (por vezes até meio…). Não que eu tenha a mania das poupanças mas tem de ser mesmo assim. Após colocada uma gota do líquido num lenço (… e não directamente na objectiva) começo a limpar a lente a partir do centro para a extremidade em movimentos circulares até que o liquido seque por completo. Esta operação deve ser feita de maneira seguida e só devemos parar depois da lente estar devidamente seca. Caso contrário, o próprio líquido, deixará manchas.

Importante:
Este processo e qualquer outro que envolva “tocar” na lente deve ser feito de maneira suave sem “carregar” quer seja com os lenços de papel quer seja com pano de micro-fibras, etc. O próprio movimento do material que usamos simplesmente “pousado” sobre a lente deve ser suficiente para “limpar”. Se teimar-mos em forçar a limpeza exercendo demasiada pressão corremos o risco de…fazer riscos! Não propriamente na lente (vidro) mas nas camadas protectoras que o revestem vulgarmente conhecidas como “coatings”.
De qualquer maneira, não é agradável olhar para o elemento frontal duma objectiva e ver falhas ou riscos no seu revestimento. Pelo menos o seu valor diminui caso a queiramos vender mais tarde. Por outro lado, a falta dessa camadas ou revestimentos (coatings) em exagero numa objectiva faz aumentar a probabilidade de reflexos nas fotografias pois essa é, precisamente, uma das suas funções.

Cabe aqui, contudo, dizer que uma óptica “riscada”, no elemento frontal, não revelará esse dano no resultado final. A menos que seja uma grande angular, ou um risco muito profundo, não notaremos nada nas fotografias! Quando muito, com um risco profundo, poderemos ter apenas um abaixamento no nível de contraste!
Quanto maior for a distância focal da objectiva menos problemático será termos riscos nas ópticas. No caso de teleobjectivas, superiores a 300 ou 400mm por vezes nem uma pequena fenda ou uma picada na lente frontal é suficiente para se note algo de estranho nas fotografias, acreditem!

Já agora fica aqui uma dica:
Quem possuir alguma objectiva que se encontre na última situação descrita pode pintar, ou melhor, preencher o risco com um marcador de cor preta. Isso ajudará a repor algum do contraste perdido e a evitar reflexos indesejados.

10 comentários:

Anónimo disse...

heeeey,
teu blog é ótimo, aprendo muito com ele!!
obrigada por partilhar os conhecimentos!

Nuno Ferreira disse...

Excelente blog! Muitos parabéns!
Apesar de ter material do "inimigo" Canon, os seus posts estão a servir-me de ensinamento para tentar aprender neste mundo que há pouco tempo comecei a conhecer.

Continue com o excelente trabalho

José Loureiro disse...

Obrigado pelos vossos comentários,
Quanto ao facto de usar material da Canon gosto mais de o apelidar de equipamento concorrente. É tudo uma questão de preferência, sendo certo que cada uma das marcas terá sempre um ou outro determinado aspecto melhor que a outra. Mas, atenção que é precisamente dessa concorrência, particularmente entre as duas marcas de câmaras DSLR – Canon/Nikon, que os produtos que uma e outra vendem vão melhorando, evoluindo e mantendo preços aceitáveis!
Por isso, devemos considerar as duas e esperar que cada uma delas vá apresentando produtos cada vez melhores, pois certamente a que o fizer primeiro verá os seus passos melhorados, logo de seguida, pela outra e assim sucessivamente!
De qualquer modo, se é seguidor do blog, pode ser que tenha surpresas…!

Anónimo disse...

Obrigada pela explicação... estava fazendo tudo errado.
bjs
Jana

Fernando Godinho disse...

Caro José, como limpar os fungos que aparecem nas objectivas mais antigas? Existe solução?

José Loureiro disse...

Fernando,
Efectivamente, limpar fungos não é assim tão fácil… Uma coisa é parar o seu processo de desenvolvimento, outra coisa é eliminar os estragos entretanto feitos…
Existem alguns produtos anti-fungos, como por exemplo o “Thymol” (entre outros) que podem eliminar este “mal”. Todavia, para que uma objectiva seja devidamente limpa terá de ser desmontada. Algo que não é muito viável face ao custo que implica a operação. Além disso, certos fungos são extremamente agressivos acabando por “estragar” de forma irremediável os revestimentos das lentes. Os chamados “coatings” (revestimentos com vista a eliminar aberrações cromáticas, reflexos, etc.). Nesse caso, a solução para a recuperação da objectiva teria de passar ainda pela aplicação de novos revestimentos e por um novo polimento das lentes…
Em todo o caso, no sentido de “parar” o processo de desenvolvimento de fungos poderá, uma ou duas vezes por ano, na altura do verão, expor durante meia hora ou até um pouco mais de tempo (dependendo da temperatura e da intensidade) as objectivas directamente ao sol (sem tampas) e ir rodando-as. Isso fará com que alguma humidade interna (que contribuirá para o processo de geração de fungos) tenda a secar e a evitar que tal aconteça. Todavia, não se pode exagerar nesse tempo de exposição ao sol pois ela fará secar as colas internas que fazem parte do sistema de construção e montagem das lentes além de que, em objectivas de construção mais modesta (de plástico) pode mesmo deformar alguns componentes…
Mas, já agora, aproveito para esclarecer (inclusive outros leitores que tenham o mesmo problema):
Os fungos são infecções nas lentes que podem assumir variadas formas e só “aparecem” graças a organismos extrínsecos às mesmas. Por outras palavras, não aprecem sem mais nem menos… Para que se inicie o processo é necessário que exista matéria orgânica na lente (óleo, poeiras, gordura dos dedos, etc.).
Em todo o caso, as objectivas antigas estão, ainda, mais sujeitas ao aparecimento de fungos uma vez que as próprias colas internas (que fixam as lentes) contém alguma matéria orgânica que serve de nutriente para os fungos. As objectivas mais recentes são construídas com colas sintéticas diminuindo esse risco.
Tal como referi no artigo, o melhor mesmo é não ter de limpar as objectivas. Guardar objectivas, no mesmo saco, juntamente com a camisola e o lanche é uma das melhores formas das mesmas contraírem matéria orgânica que mais tarde servirá como “alimento” aos fungos…
Em suma, para evitar o aparecimento dos fungos, deveremos:
1. Manter as objectivas limpas e secas;
2. Evitar guardá-las em sítios (sacos ou outros) onde exista matéria orgânica;
3. Escolher o local menos húmido da casa para manter as mesmas, principalmente durante os meses de Inverno;
4. Aproveitar uns dias de sol para, anualmente, as expor durante algum tempo com vista a “parar” o processo de evolução.

Mesmo assim, fazendo isso tudo, é muito provável que as nossas objectivas tenham fungos…!
Só que não chegarão ao ponto de serem visíveis; não prejudicarão os resultados das nossas fotografias e não se desenvolverão!

cesardasilva disse...

Bom dia José, esse é meu primeiro contato com você e eu já lhe trago um problemão, ao menos para mim. Recentemente eu cometi a "asneira" de limpar uma objetiva 24x70mm da Canon com um líquido limpador de lentes, o problema foi que borrifei diretamente na lente e, pior, na parte de trás onde ficam os sensores, na primeira vez que usei essa objetiva depois da "limpeza" tudo funcionou corretamente, depois é que apareceu uma mensagem de erro de comunicação da objetiva com o corpo da câmera e havia inclusive um pedido para que os terminasi fossem limpos. Tentei várias maneiras mas sem resultado. Aí vai a pergunta: e agora, o que fazer?

José Loureiro disse...

Olá César.
Antes de mais, Bem-vindo!
Quanto ao seu problema, desconheço qual o tipo de liquido que tenha usado e em que quantidade…
Provavelmente o problema não estará na parte visível dos contactos mas sim nas suas ligações internas… se assim for, eventualmente uma exposição (doseada) ao sol poderá ajudar… ou não… mas também pior não ficará…
Se isso não resultar só me resta dar-lhe uma resposta sensata: Tente recorrer à assistência técnica oficial…

João Moreira disse...

Boas, mais uma vez um excelente artigo. Agora uma questão e se possivel gostava que desse a sua opinião, quando olho pelo visor da minha máquina consigo ver fios de pó, aonde se situam estes fios? mesmo no visor ou no espelho? qual a melhor maneira de limpar? Apesar de tudo acho estranho a como foram lá parar pois desde que comprei a máquina e coloquei a lente nunca mais a tirei até agora. Outra pergunta em relação ao material que usa, onde se consegue por exemplo o liquido de limpeza da Kodak, já pesquisei em vários sites e lojas e nunca consegui encontrar. Muitos Cumprimentos

José Loureiro disse...

Caro João.
Podem estar em vários locais… por cima do ecrã de focagem… entre este e o pentaprisma… nas lentes do visor óptico…
Contudo, não aconselho a tentar limpar! Tocar no ecrã de focagem para tentar limpar, mesmo que com um suave pincel, pode fazer ainda prior e/ou danificar os pontos de focagem…
No caso de os “fios” se encontrarem no espelho, pode ver aqui como limpar sem estragar nada!
Em relação ao líquido de limpeza da Kodak, não sei sinceramente onde se venda actualmente…