Macrofotografia "no Estúdio"


Há dias publiquei aqui no Blog um artigo sobre Macrofotografia "no terreno".
Esta semana, ficamos com uma diferente abordagem ao mesmo tema: Em Estúdio! Utilizando, exatamente, a mesma câmara e objetiva. O objeto das fotografias é o mesmo (insetos) mas a maneira de efetuar este tipo de registo é diferente...   
Conseguir este tipo de Macrofotografias, em Estúdio, é relativamente simples. Depois de configurada a iluminação e a correta exposição na câmara, posso dizer que, apenas é preciso paciência... 
Estes insetos foram fotografados vivos e, por isso, naturalmente, não sossegam muito tempo no mesmo sítio!
Por várias vezes dei comigo a tentar apanhar os que voam, pelas paredes do Estúdio! No caso da Vespa, quando nã
o descobria rapidamente onde estava,  o maior receio era que voltasse com intenções "vingativas"!* 


Vespula vulgaris (Vespa-comum)
Nikon D500 + Tamron SP 90mm f/2.8 Di Macro 1:1 VC USD (F017) + Metz Mecastudio TL 300 (x2) + Iluminação Contínua (1 softbox - 2 sombrinhas)
@ 1/80 seg., f/29, ISO 100, Exp. M



A ideia do artigo de hoje era ficarmos apenas com umas fotografias de exemplo para ver... Mas, pronto, como o que custa é começar.... Vamos lá escrever, então, mais um pouco!

Satisfazendo a curiosidade dos mais curiosos (passo o pleonasmo) em saber como "se fazem" este tipo de fotografias, passo a enumerar, adiante, alguns factores importantes a considerar. 
Uma forma de conseguir que os insetos nos dêem algum tempo extra para os fotografar em Estúdio antes de se moverem consiste  em baixar a sua temperatura corporal. Como é sabido, os insetos ficam mais ativos com o calor. Então como é que conseguimos isso? Muito simplesmente colocando-os em pequenos frascos fechados no frigorifico durante cerca de 20 minutos (se for mais tempo, mesmo que algumas horas, podem estar descansados que não morrerão). Isto fará com que a atividade dos pequenos bichos fique, temporariamente (durante uns dois ou três minutos), mais reduzida. Durante esse tempo aproveitamos para fotografar!
Quando se fotografam insectos (e outro temas), em Estúdio, convém, de facto, controlar bem uma série de aspetos. Por exemplo, contrariamente à fotografia "no terreno", em ambiente controlado, por possuirmos melhores condições, temos de ser mais rigorosos com o enquadramento, com a iluminação, com a profundidade de campo... (as imagens apresentadas, captadas com uma relação de reprodução aproximada de 1:1, representam fotos únicas). Apesar do recurso a aberturas de diafragma pequenas (f/22; f/29,...) a profundidade de campo que dispomos é reduzida! Quando se começa a fotografar com relações de reprodução desta ordem ou superior, para compensar a falta de profundidade de campo, teríamos que recorrer à técnica de "juntar" várias fotografias captadas em diferentes planos fazendo depois uma única composição. Essa técnica chama-se "Stack Images" e consiste na junção de 2, 3, 20, 400 (sim, quatrocentas),... ou mais fotos, numa só, em posterior edição!


Graphosoma lineatum (Percevejo-das-riscas)
Nikon D500 + Tamron SP 90mm f/2.8 Di Macro 1:1 VC USD (F017) + Metz Mecastudio TL 300 (x2) + Iluminação Contínua (1 softbox - 2 sombrinhas)
@ 1/40 seg., f/29, ISO 100, Exp. M



Como devem ter reparado nas legendas das imagens, iluminação é coisa que não falta!
Bom, uma das dificuldades em fotografar este pequenos insetos no seu ambiente natural reside na correta e eficaz iluminação. Mesmo com a utilização de "Softbox's" e de Refletores, em exteriores é, muitas vezes, difícil de conseguir uma iluminação homogénea. Regra geral, o abdómen dos "nossos bichinhos" fica sub-exposto...


???
Nikon D500 + Tamron SP 90mm f/2.8 Di Macro 1:1 VC USD (F017) + Metz Mecastudio TL 300 (x2) + Iluminação Contínua (1 softbox - 2 sombrinhas)
@ 1/40 seg., f/22, ISO 100, Exp. M



Em Estúdio, utilizando iluminação combinada (strobs e contínua) facilmente eliminamos esse problema. No caso destes exemplos, a iluminação proveio de 5 diferentes direções: diretamente por cima dos insetos (iluminação contínua via Softbox); da parte de trás a 45ª da esquerda e direita (iluminação contínua via sombrinhas) e de frente a 45º via Strobs (utilização de clarões com pouca potência).
Contudo, porque não há bela sem "senão", temos de prestar cuidado ao excesso de iluminação... nomeadamente, aos reflexos e brilhos em demasia que facilmente as carapaças destes insetos provocam. Pessoalmente, acho aceitável algum brilho provocado pela iluminação mas "brancos estourados" ou brilho em demasia estão fora de questão!


Pyrrhocoris apterus
Nikon D500 + Tamron SP 90mm f/2.8 Di Macro 1:1 VC USD (F017) + Metz Mecastudio TL 300 (x2) + Iluminação Contínua (1 softbox - 2 sombrinhas)
@ 1/40 seg., f/25, ISO 100, Exp. M



Quando fotografo insetos em Estúdio tento incorporar o elemento natural onde é habitual os vermos. Assim, quando procedo à recolha dum inseto tento, sempre que possível, trazer também parte da vegetação (caule, flor, folha...) onde o mesmo se encontre.
Depois, além disso, dependendo do propósito (ou gosto) podemos incluir, como pano de fundo, desde uma tela de cor uniforme a um vaso com plantas o que vai "disfarçar" o ar "artificial" de fotografia de Estúdio e transmitir um ambiente "mais natural" às fotografias. As plantas não precisam de ser colocadas muito afastadas dos insetos (dada a proximidade a que estamos a fotografar - a escassos centímetros da frente da objetiva - mesmo utilizando aberturas de f/22 ou mais, tudo o que esteja a cerca de meio metro de distância ficará desfocado e criará um fundo limpo).
Em alternativa, poderá ser utilizada uma imagem com tons verdes (ou outros) que, desfocados, transmitem igual ideia da fotografia ter sido captada ao "ar livre". 
Como exemplo, nesta última imagem utilizei, como "pano de fundo", uma página de jornal com publicidade a artigos de jardim...   


Sempre que fotografamos Vida Selvagem devemos, previamente, tentar informar-nos acerca daquilo que vamos fotografar pois, quer "no terreno" ou até mesmo "no Estúdio", esses conhecimentos, podem revelar-se úteis. Não só porque nos permitirão, mais facilmente, saber como e quando fotografar determinada espécie mas, também, nalguns casos, estar alerta para eventuais perigos. Por exemplo, em relação aos insetos e outros animais de um modo geral (repteis, anfíbios,...), como curiosidade e alerta, convém saber que a natureza, nomeadamente as criaturas que a habitam, nos avisam para tal situação. Como? Basta estar atento... As cores são o primeiro sinal! 
Amarelo, vermelho e preto, designadamente, combinadas entre si, são as cores de aviso de perigo mais comuns! Assim, combinações de cores como: vermelho e amarelo; vermelho e preto; vermelho, amarelo e preto ou, até, preto e branco, todas significam: Perigo! 
Esta característica dos insetos, entre outros animais, anunciarem, através da cor, a sua perigosidade denomina-se "Aposematismo" e serve para avisar que não são comestíveis ou que são portadores de venenos que podem usar...

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