Especificações
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Distância focal/Abertura:
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10-24mm
f/3.5-4.5 (APS-C)
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Construção (elementos/grupos):
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12 / 9
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Ângulo de imagem:
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108º
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Escala distâncias focais:
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10, 13, 15, 18, 20, 24
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Diafragma:
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Automático
7 lâminas
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Escala de aberturas:
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f/3.5 ~ f/22
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Medição de exposição:
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Por método de abertura
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Escala:
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Desde 0,24m até ao ∞
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Distância mínima de foco:
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0.24m
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Tamanho do filtro:
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77mm
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Dimensões (diam./comp.):
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83.2 x 86,5mm
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Peso:
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430g
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A Tamron 10-24mm f/3.5-4.5 SP AF Di II integra-se numa nova geração de objectivas zoom denominadas "Ultra-grande-angulares" de custo relativamente acessível. O seu principal público? Além de muito procuradas pelos amantes da fotografia paisagística, a fotografia de interiores e o fotojornalismo são outros exemplos de aplicações bem comuns deste tipo de zoom's. Claro está que a sua utilização se destina exclusivamente a câmaras de formato de sensor APS-C (DX). Aliás, é por tal facto que o seu custo é reduzido... As objectivas ultra-grande-angulares para câmaras FX têm preços verdadeiramente exorbitantes face ao seu maior custo de produção.
Dito isto, entre outras, actualmente concorrem directamente entre si, nesta categoria de objectivas, a Canon 10-22mm f/3.5-4.5 USM; a Sigma 10-20mm f/3.5 EX DC HSM; a Nikon 12-24mm f/4 G AF-S DX ED e as Tokina 11-16mm f/2.8 AT-X Pro DX (I e II); a nova 12-28mm f/4 AT-X Pro DX (lançada há poucos dias atrás) e a 12-24mm f/4 AT-X AF Pro DX II. Confuso...? Até certo ponto sim. Na verdade, algumas das versões das objectivas acima mencionadas (de fabricantes independentes) não são compatíveis com todas as marcas de câmaras, designadamente as Tokina 11-16mm que não podem ser utilizadas, por exemplo, em corpos Sony.
Como hoje o artigo é acerca da Tamron, começo por referir que a mesma tem como primeiro "trunfo" o facto de ser a que, com menor distância focal (e consequente maior ângulo de cobertura), tem também a maior amplitude focal 10mm~24mm (equivalentes a 15-36mm no tradicional formato FX - 35mm - para as câmaras Nikon - e a 16-38,4mm para as Canon). Quanto a preços, consegue também ser uma das mais acessíveis. Resta saber: Vale o que custa?
Bom, após algum tempo de utilização e realização de vários testes (exteriores e em estúdio) aqui fica a minha opinião:
(aqueles que não estiverem interessados em ler todo o texto podem "saltar" directamente para as conclusões finais! Todavia, penso que a explicação e razão dessas conclusões se encontra justificada precisamente pela explanação no texto... algo longo)
Manuseamento:
Uma das primeiras coisas que fiz quando recebi esta objectiva foi testar a "dureza" dos anéis de focagem e de mudança de distância focal (zoom). Acabei por ter uma boa surpresa! Esta "nova" Tamron, que veio substituir a 11-18mm f/4.5-5.6 SP AF Di II LD, já não sofre do mal que sempre critiquei em muitas Tamron: A "prisão" dos anéis de focagem e de zoom que provocavam um desagradável e impreciso manuseamento desses elementos.
De resto, a objectiva é compacta e quando acoplada, quer a câmaras grandes e pesadas, quer a câmaras de gama intermédia, mais leves e pequenas, torna o conjunto bem equilibrado. A distribuição de peso, apesar das 430g desta 10-24mm, é boa.
Quanto à focagem, não sendo impressionantemente rápida adequa-se e satisfaz perfeitamente as necessidades para este tipo de objectivas. Sem dúvida é mais lenta e mais barulhenta que, por exemplo a Nikkor 14-24mm f/2.8, mas no segmento em que se enquadra e para a utilização típica destas objectivas penso que é suficiente.
Construção:
Simples, sólida, compacta!
Face ao seu pequeno tamanho, as 430g de peso são reflexo da construção cuidada. A objectiva é composta por 12 elementos ópticos distribuídos por 9 grupos de forma a minimizar as deformações de imagem, aberrações cromáticas e reflexos. A inexistência de ruídos internos, quando a sacudimos, também indicia essa característica de construção cuidada.
Ponto positivo ainda para o encaixe da baioneta que é metálico!
A objectiva utiliza filtros de 77mm, o que é excelente dada a compatibilidade desse tamanho com muitas mais objectivas de gama "Pro", por ser a medida estandardizada. Infelizmente não gostei do encaixe de rosca da frente da objectiva... que é de plástico (a meu ver... frágil). Com a utilização de filtros de rosca metálica, no caso de serem incorrectamente apertados, pode facilmente correr-se o risco de danificar (moer) a rosca de aperto...
Este objectiva é de focagem interna (IF) - Boa notícia! Uma vez que, com este tipo de focagem, são apenas os elementos internos que se movem e não a frente da objectiva. Podem, por isso, utilizar-se filtros polarizadores sem ter de proceder a acertos de captura para captura.
Uma boa notícia para os utilizadores da Nikon:
A versão da Tamron 10-24mm 3.5-4.5 para câmaras Nikon é dotada de motor interno pelo que é, assim, compatível com todas as SLR-D da marca! Mesmo com câmaras sem motorização interna (como a Nikon D40; D60; D3000; D3100; D3200; D5000; D5100; D5200, etc.) esta Tamron 10-24mm focará automaticamente tal qual as objectivas Nikon AF-S. Além da "versão" com encaixe para câmaras Nikon, esta Tamron é ainda comercializada com encaixes compatíveis para câmaras Canon (também motorizada); Pentax e Sony/Minolta.
Em utilização:
Ergonómicamente existe um pormenor, algo desagradável, digno de ser mencionado em relação à 10-24 da Tamron: Ficando o largo anel de selecção de distâncias focais (zoom) localizado mais próximo do corpo da câmara, não resta outro local senão a parte frontal da objectiva para a colocação do anel de focagem. Este situa-se, assim, exactamente no local onde tendencialmente a segurámos de forma a equilibrar o conjunto câmara/objectiva. Quer isto dizer que são frequentes as vezes em que, estando a segurar a câmara/objectiva, sentimos o anel de focagem a querer rodar e deparámos com o mesmo "travado" pelos nossos dedos! Por esse motivo, a sua posição embora prática e cómoda para uma utilização em focagem manual acaba, pela razão acima referida, por ser incómoda quando em utilização em Auto-focagem... pelo menos até nos habituarmos.
Ainda em relação aos anéis... esta 10-24mm é uma objectiva de série "G" pelo que não possui anel de aberturas de diafragma (f/stop's) e consequentemente não possui escala de profundidade de campo (DOF). A selecção da abertura do diafragma é efectuada através dos comandos da câmara e transmitida electronicamente (via CPU) à mesma.
Atenção à utilização desta objectivas (bem como doutras ultra-grande-angulares) com Flash's. O grande ângulo de imagem é incompatível com uma iluminação perfeita. Nenhum Flash, mesmo externo, consegue por si só (montado na sapata da câmara) emitir um clarão capaz de iluminar todo o cenário de maneira eficaz. Por sua vez, o uso dos Flash's integrados nas câmaras é, também, absolutamente inconciliável com uma iluminação correcta. A frente da objectiva, encontra-se no "caminho" do clarão face ao grande ângulo de imagem alcançado pelo que, inevitavelmente, provoca sombras intensas.
A distância mínima de focagem da Tamron 10-24mm é excelente. Esta ultra-grande-angular é capaz de focar a uns escassos 10cm da frente da objectiva! Aliás, por esse motivo, torna-se necessário algum cuidado ao fotografar nestas condições pois embora quase a tocar na frente da objectiva, tudo parece, através do visor, estar mais longe!
Quanto à focagem, notei a "falta" dum botão comutador AF/M... Nesta Tamron, só AF ou M. Embora seja possível "rodar" manualmente o anel de focagem quando este se encontra na posição AF penso que estaremos a "contrariar" apenas o sistema de Auto focagem e a sua utilização é dura e imprecisa. Só no modo "M" este anel fica verdadeiramente "solto" proporcionando uma focagem manual adequada.
Uma bolsa, ainda que simples, para guardar a objectiva (e o enorme parasol) quando não está em uso, seria bem-vinda...
Em baixo:
Comparativo ao ângulo de Imagem - Tamron 10-24mm (@10mm) vs Samyang 8mm (Fisheye)
Um dos aspectos mais relevantes nestas objectivas reporta-se ao ângulo de imagem. Ou seja, a "quantidade" de realidade que conseguem captar e transpor para o sensor. Quanto menor distância focal, maior será o ângulo de imagem ou a capacidade de cobertura da mesma. Tendo presente que Ultra-grande-angulares e Fisheye's não são a mesma coisa e tem aplicações distintas, o teste comparativo (ao lado), visa demonstrar o quão grande é a capacidade de registo (sem distorção de imagem) da Tamron (108º) por comparação com uma das objectivas actualmente em venda no mercado que é recordista de cobertura angular: A Samyang 8mm f/3.5 AE Aspherical IF MC Fisheye, que proporciona 180º de ângulo de imagem! (Cujo artigo de opinião/teste pode ser lido aqui).
Todavia, como podem ver pela comparação das imagens, a Samyang, consegue uns fantásticos 180º com uma grande distorção... Facto "normal", naquele tipo de objectiva.
Ainda acerca da utilização desta objectiva:
Com a utilização de Filtros polarizadores (convencionais/não "Slim") - alguma vinhetagem pode ocorrer em determinadas situações. Nem sempre acontece e não é nada de muito exagerado... No entanto, em certos casos, há necessidade duma recuperação da zona dos cantos em posterior edição.
10mm
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f/3.5
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13mm
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f/3.8
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15mm
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f/4
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18mm
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f/4.2
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20mm
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f/4.2
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24mm
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f/4.5
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As aberturas máximas de f/3.5 @ 10mm e de 4.5 @ 24mm, embora lentas, não tem qualquer influência na nitidez com que podemos captar imagens neste tipo de objectivas ultra-grande-angulares e são suficientes para conseguir, com alguma técnica, capturas nítidas a velocidades até cerca de 0,5 seg. sem tripé!
A abertura máxima da 10-24mm da Tamron altera-se consoante a distancia focal usada.
Ao lado: Tabela de relação de valores entre a distância focal e respectiva abertura máxima.
Qualidade óptica:
Este é um dos aspectos que a maioria dos utilizadores consideram como factor mais importante na escolha duma objectiva. Bom, na maior parte dos casos até é... Tratando-se, todavia, de objectivas que reduzam drasticamente a realidade, como é o caso das Fisheye's e das ultra-grande-angulares, alguma falta de recorte ou nitidez não será tão relevante e notória como no caso de objectivas de maiores distâncias focais.
Assim, as aberrações cromáticas ou deformações de imagem acabam por ganhar um lugar de destaque em relação à definição da imagem. Em todo o caso, para esclarecer este aspecto, acabei por fazer uns testes comparativos em Estúdio (@ 24mm) entre a Tamron 10-24mm f/3.5-4.5 e a Nikkor 24-70mm f/2.8 - uma objectiva de referência pelas suas excelentes qualidades ópticas. Não sendo um teste cientifico, serve perfeitamente como exemplo demonstrativo das diferenças. As capturas foram efectuadas nas mesmas condições, com câmara em tripé, cabos disparador, espelho levantado,... enfim, como é o costume para este tipo de testes.
Além dos exemplos abaixo, foram ainda efectuados testes a outras aberturas de diafragma. Por razões práticas não vou aqui colocar todas essas imagens. Pese embora, a diferença de qualidade da imagem entre as objectivas comparadas, vá diminuindo e "igualando" à medida que se "fecha" o diafragma (aberturas mas pequenas), os testes confirmam sempre melhores resultados da Nikkor 24-70mm (como seria, logicamente, de esperar) em relação às obtidas com a Tamron 10-24mm quer no centro, quer nos cantos da imagem. No entanto devo dizer que as duas objectivas não são completamente comparáveis... De comum só têm a distância focal de 24mm (máxima no caso da 10-24mm e mínima no caso da 24-70mm - e, mesmo assim, com diferentes ângulos de cobertura para as distâncias ao objecto em que foram efectuados os testes). Quer isto dizer que onde acaba a distância focal da primeira começa a da segunda. São objectivas para diferentes tipos de fotografia. A 24-70mm é uma zoom polivalente e "generalista" enquanto que a 10-24mm tem um campo de aplicações em temas mais específicos. Além disso, convém saber que o custo da Nikkor 24-70mm é quase 4 vezes superior ao da Tamron 10-24!
Em relação a este item (qualidade óptica) convém ainda esclarecer que estes testes exploram e representam resultados em situações limite. Numa utilização "no terreno" a qualidade de imagem da Tamron é globalmente boa para a maioria das situações e utilizações possíveis das fotografias que com ela captemos, como mais abaixo se poderá verificar! Feitas estas explicações, cá ficam em baixo uns exemplos.
Aberrações cromáticas:
Sem dúvida que as aberrações comáticas são um dos frequentes problemas nas objectivas grande-angulares. No entanto, no caso desta Tamron 10-24mm, após testes com uma câmara que não corrigisse automaticamente este fenómeno (uma Nikon D2x), acabei por descobrir que o mesmo está bem controlado… Mesmo em situações mais problemáticas ou limite (contra-luz), os resultados são bons.
Cor/contraste:
A Tamron 10-24mm proporciona imagens bem contrastadas e com uma boa saturação de cor.
Reflexos:
Para este tipo de objectivas, são (muito) bem controlados e não são mais notórios que em objectivas mais caras...
Recorte/nitidez:
São nas aberturas intermédias, f/5.6~f/11, que se obtém os melhores resultados. Quando utilizada na sua abertura máxima as imagens são algo "suaves" faltando-lhe recorte, designadamente em toda a orla mais afastada da zona central da imagem onde, de resto, se concentra sempre a melhor resolução.
Acima, ficou demonstrada a diferença de qualidade de imagem (em testes controlados e em ambiente de Estúdio) face à 24-70mm da Nikon.
No entanto, foram efectuados mais testes quanto à qualidade de imagem. Em baixo podem ver um exemplo das diferenças encontradas, em testes de utilização real, em comparação com a Samyang 8mm Fisheye - uma objectiva de diferentes características mas que tem em comum a "redução da realidade" e o grande ângulo de imagem (ainda maior que a Tamron... 180º vs 108º) *
* A imagem captada com a Tamron 10-24mm, apesar de representar um "crop" a 100%, foi posteriormente "redimensionada" sem mais qualquer edição para os mesmos 744x351px da captada com a 8mm Fisheye de modo a permitir uma visualização e comparação directa entre as duas.
...e quanto a distorções de imagem?
Uma característica que distingue as objectivas (Ultra)-grande-angulares das Fisheye é a isenção de distorção de imagem. Enquanto que as objectivas Fisheye tem esse propósito, permitindo com essa deformação em forma oval (olho de peixe) produzir imagens criativas, as grande-angulares, por sua vez, devem abster-se o mais possível das deformações ovais ou em forma de barril. Somente deve ser tido como "normal" a convergência de linhas para o infinito dependendo do motivo fotografado e do ângulo em relação ao qual o fazemos.
Em baixo podem verificar o "grau" de distorção desta Tamron 10-24mm nas suas distâncias focais máxima e mínima:
(A imagem alterna automaticamente, de 5 em 5 segundos, entre as duas distâncias focais)
Sobre este aspecto, e em jeito de conclusão, pode dizer-se que para o tipo de objectiva em causa, a distorção @ 10mm (em forma de barril - mais pronunciada nos cantos) não é exagerada e está dentro dos parâmetros que seria de esperar. Este grau e tipo de distorção acaba por não ser superior (antes pelo contrário...) ao que encontrámos em objectivas capazes de produzir imagens com muito menor ângulo, como por exemplo, muitas zoom (de Kit) de 18mm!
No entanto, devo dizer que esta não será a melhor objectiva para propósitos de fotografia de arquitectura. Além dalguma distorção, já mencionada, a convergência de linhas para o infinito pode ser algo "manhosa" de controlar. Isto é, dependendo de como, do motivo e de que ângulo fazemos a captura de imagem podem surgir imagens com estranhas proporções... Para compensar e corrigir as deformações nesta Tamron 10-24, a zona dos cantos da imagem é mais "ampliada" que a parte central. Este facto, em certas capturas, provoca estranhas formas... Apesar de rectilíneas, essa estranha convergência de linhas, não se coaduna com fotografia puramente arquitectónica. Aliás, esse fenómeno, não é exclusivo da Tamron 10-24mm... É comum à maior parte deste tipo e gama de objectivas.
Escurecimento dos cantos da imagem (Fall off):
Efectuei, também, alguns testes com o intuito de apurar o nível do escurecimento da imagem usando várias combinações e diferentes aberturas de diafragma. Os resultados foram sempre bons e como não acho relevantes as imagens (por quase isenção desse fenómeno) não vale a pena sequer publicar!
Imagens de exemplo:
Conclusões:
No início deste artigo deixei a pergunta:
Valerá esta Tamron 10-24mm AF SP Di II o dinheiro que custa?
Pois bem, sinceramente penso que sim. Todavia, devo dizer que esta objectiva acaba por ser específica para um determinado tipo de utilizações e temas. Sem dúvida, que quem gostar de fotografar paisagens, interiores, fotojornalismo,... vai dar por muito bem gasto (afinal nem é muito...) o seu dinheiro. Será um bom complemento, por exemplo, às zoom generalistas de formato DX (tipo 18-55mm) nas situações em que os 18mm não são suficientes para abarcar todo o cenário e/ou para quem quiser fotografar com um maior ângulo de imagem. Pena é, que esta objectiva, como ficou dito, se destine aos sensores de formato DX e não possa também ser usada no modo FX... Mas, mesmo assim, sendo utilizada numa câmara FX que possibilite comutação para o formato DX, o ângulo de cobertura que proporciona, mesmo naquele último formato, é fantástico!
Mais informações: Site oficial do representante da marca TAMRON para Portugal e Espanha - A Robisa (abre em novo Link)
Qualidade Óptica
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★★★★☆
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Qualidade de Construção
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★★★★☆
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Versatilidade
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★★★☆☆
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Manuseamento
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★★★★☆
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Valor
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★★★★☆
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