O suporte fotográfico (película) ao longo dos tempos


Hoje, deixo-vos com uma mera curiosidade...

Estava eu, esta semana, a fotografar em estúdio uma antiga câmara fotográfica de Grande-formato (sobre a qual, também, brevemente escreverei qualquer coisa e mostrarei as respectivas fotos...) quando, ao manusear as placas fotográficas que este tipo de câmaras utilizavam para captar imagens,  me lembrei de colocar meia-dúzia delas em cima da bancada, fotografá-las e comparar o  seu tamanho de película (9x12cm) com aquele que continua a ser, desde 1934, o actual padrão de tamanho deste tipo de suporte fotográfico - O formato denominado de 35mm ou "Filme 135" - invenção da Kodak!

Na imagem são notórias as diferenças entre as singulares películas  de 9x12cm (e respectivas placas metálicas onde se inseriam) e os cerca de 2,4x3,6cm do tamanho de filme 35mm!
Depois, outra grande diferença: O "rolo" de 35mm pode "armazenar" até 36 fotogramas. Por sua vez, as placas permitiam apenas a captura duma única imagem (à excepção das chamadas "Dry plate film pack's" - do qual é visível um exemplo na imagem abaixo - que tinham um adaptador próprio e que suportavam 12 películas)!
Em compensação, graças ao seu generoso tamanho de 9x12cm, também conhecido como 1/4 de placa (quase  postal), conseguiam-se fotos por simples passagem directa para papel sem necessidade de ampliação.
No entanto, o suporte fotográfico em película celulosa, coberta com emulsão de sais, tal como as que vemos na imagem acima, apelidadas de "Dry Plates" representaram uma enorme evolução em relação ao anterior suporte em placas de vidro em uso desde cerca de 1850. Já com este último suporte fotográfico o método de revestimento era idêntico mas, as placas "molhadas" tinham bastantes inconvenientes. Havia que preparar e misturar os vários "químicos" necessários em casa e depois transportá-los até ao sítio onde se iria fotografar. Depois, após "molhado" o suporte de vidro nessa emulsão haveria que captar a fotografia nos 10 minutos seguintes. De seguida proceder à sua imediata revelação... Algo não obrigatório e necessário com as placas "secas". Na realidade, estas representam um enorme passo evolutivo do processo de "armazenamento" latente de imagens.

Apesar de anteriores tentativas, a maturidade deste novo suporte fotográfico flexível (gelatinoso) só viria a ser atingida em meados de 1878, por obra da Kodak ao conseguir um revestimento suficientemente estável e duradouro. Tal, permitiu a sua produção e comercialização em massa apenas dois anos depois, em 1880.

Entre os dois sistemas - as "Dry plates" e o formato de "rolo" 135 - existiram variados tamanhos de ""rolos" fotográficos: 116; 120; 620, etc.. que foram sendo abandonados.
Existe, inclusivamente, uma engraçada história em que são protagonistas a marca ANSCO e a KODAK. Na verdade, a primeira marca a registar a patente alternativa às "Dry plates" foi a ANSCO. Ou seja, o primeiro suporte fotográfico em formato de "rolo". Uma invenção dum clérigo aficionado pela fotografia (Hannibal Goodwin), datada de 1887, que a ANSCO conseguiu adquirir e registar os respectivos direitos até ao ano de 1898.
No entanto, um ano antes dessa data, a Kodak viria a não respeitar essa patente e a produzir os mesmos rolos de fotografia. Tal facto valeu-lhe um histórico processo judicial que terminou em 1914 e  em que a firma Norte Americana ANSCO viria a conseguir uma enorme indemnização por parte da Kodak. Ao que se sabe, na altura o montante a indemnização ascendeu aos 5 milhões de dólares!

Enfim... histórias da fotografia!

Mas para quê falar disto tudo?!
Hoje em dia certamente que nem nos preocupamos em saber como se captavam de forma latente as imagens. Hoje, felizmente, para o bem e para o mal, temos os "milagrosos" sensores, não é?

10 comentários:

Baú das miudezas disse...

Sou tua seguidora ,aqui do Brasil e fotografo a bastante tempo mas sou ainda uma amadora sem grandes conhecimentos.Possuí uma Konica sem grandes recursos e foco manual e também com rolo de 35 mm.Como passar para cd e aí para o computador?Ouvi dizer que através de Photoshop pode-se fazer isto ,nós mesmos?Grata pela atenção,um abraço!

mfc disse...

Aprecio as tuas histórias!
O saber como tudo isto evoluiu é importante para todos.
Um abraço

Manuel Luis disse...

Em relação ao 135 mm, gostei muito do ASA 25 que teve pouca duração mas deixou-me saudades.

José Loureiro disse...

“Baú das miudezas”…
Para passar fotografias para um CD temos antes que as passar para o computador pois é a partir deste que se pode gravar o CD.
Então, como fazer para passar fotos de película (rolo) para o computador?
Basicamente, o que há a fazer é converter a imagem do rolo (analógica) para o formato digital. Esse processo designa-se de Digitalização. Para isso existem no mercado uns pequenos Digitalizadores de negativos que se conectam ao computador e que lêem a imagem exposta no negativo convertendo-a em sinal digital. Além destes acessórios, específicos a essa finalidade, existem também no mercado variadíssimos “Scanners” que são vendidos com adaptadores para o mesmo efeito.
No entanto, a menos que tenha muitas fotos e queira mesmo digitalizar essas fotos especificamente, não compensa em termos monetários a aquisição dum destes equipamentos, pois o processo de conversão é lento e não produz os mesmos resultados que o obtido pelas actuais câmaras digitais.

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“mfc”…
(…) também penso assim!
Para saber para onde vamos é sempre importante saber, também, donde vimos… além do mais, curiosidades fotográficas à parte, tudo isto é História.

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“Manuel luís”…
Efectivamente os rolos 25 ASA, embora “lentos”, eram filmes praticamente isentos de grão e muito pouco vulgares.

João Menéres disse...

Apenas algumas achegas :
Eu ainda tenho uma Sinar 13x18 cm. Actualmente não a uso, pois a função era permitir gigantescos out-doors sem grão visível.
Dispunha de três carregadores duplos., portanto podia levar para a revelação 6 chapas.

Quanto ao médio formato, ( no meu caso, 6x7 cm), tenho dois corpos da Asahi Pentax. Quando fazia fotografia aérea, utilizava película 220, que me permitia obter 21 fotogramas no mesmo rolo,
recarregando este corpo na 1ª oportunidade ( já que a hora do helicóptero custa dinheiro ! ).
Primeiro fazia o reconhecimento terrestre, deslocando-me de automóvel até aos diversos locais e anotando as coordenadas no GPS..
Isto, tanto se passou no Alto Douro, como no Alto Minho e noutras áreas, comoa Beira Litoral ou a Beira Alta.

Quanto ao formato 135, também era ferrenho adepto da película Kodachrome 25 Asa, que utilizei durante anos e anos. O incoveniente residia na revelação (Rochester, depois Paris ou Suiça e, finalmente, Madrid ).

Com um abraço.

José Loureiro disse...

(…) Tem razão. E no caso das câmaras de ¼ de placa, embora também não tenha referido, ainda era possível (…depois da sua invenção, claro) substituir a utilização das placas por rolo fotográfico, designadamente o 120/220, mediante um adaptador traseiro próprio para o efeito.
Em relação à fotografia a bordo de um Helicóptero nunca experimentei. Mas imagino que permita fotografar com mais tempo e acima de tudo com mais estabilidade do que os que já usei: Um avião Cessna 152 II e um Planador “Blanik”…. Mesmo assim, exceptuado a falta duma abertura maior na carlinga do planador, até que as velocidades lentas dum e doutro permitem algum tempo para focar, escolher e recompor os enquadramentos que se pretendem.

Um abraço

João Menéres disse...

Uma nota complementar :
Também comecei num Cessna...
Mas era muito difícil obterr o ângulo e o momento exacto para disparar
( e o piloto era fantástico, diga-se ! ).
No heli, quase se para e o bicho acomoda-se com facilidade ao pretendido.

Sempre fotografei no heli sem porta.

Anónimo disse...

Hoje fui a exposição do steve maccurry e tive o privilegio de observar uma serie de fotos realizadas com o histórico filme kodachrome. Será que a gama de cores conseguidas com o filme será algum dia igualada pelo sensor das nossas digitais? Abraços.

Luis cesar paiva disse...

Desculpe, nao sou o anônimo , meu nome é luis cesar paiva e sigo vc no blog...

José Loureiro disse...

Olá Luís.
Penso que sim. Os sensores das actuais câmaras digitais conseguem retratar uma alargada gama dinâmica de cores. Claro que isso depende também de câmara para câmara e de outros factores como o valor ISO que usamos com cada tipo de sensor...
Quanto a mim, a dificuldade reside mais em relação à fiel reprodução nos temas a P&B. Além disso, no meio digital existe ainda a possibilidade de em pós-produção realçar e a destacar a intensidade de cores e tons.