Construção duma base/plataforma para "Macro-bellows"



Há já algum tempo que não andava satisfeito com a estabilização e precisão de focagem que conseguia obter quando uso "foles de extensão" acoplados a um tripé.

Embora o tripé que utilizo seja bastante robusto (Manfrotto 055XPROB), facto é que, em utilização com estes "foles de extensão", a focagem, designadamente em termos de precisão e estabilização, é uma "treta"... O mínimo toque nos botões de ajuste de focagem existentes no fole ou  mesmo nos controlos da própria câmara provoca, a este nível de ampliação, enormes vibrações.
O problema é que temos, obrigatoriamente, de proceder a frequentes regulações, quer em termos de focagem (no fole ou objectiva), quer em termos de controle de exposição (através do fecho manual do diafragma da objectiva e na câmara) e tudo isso provoca indesejados movimentos por falta duma correcta estabilização do sistema...

No tipo de aumento que estes sistemas proporcionam, um milímetro de desvio provocado por uma qualquer vibração é suficiente para que tudo (e acreditem que é mesmo tudo...) fique desfocado.

Bom, como não conheço nenhum tipo de suporte eficaz para este tipo de fotografia nada melhor que fazer um...
A ideia era fazer uma plataforma que fosse amovível mas que, ao mesmo tempo, conseguisse suportar todo o equipamento necessário de modo estável e reduzisse, também, as vibrações durante a captura das fotos.

Um dos problemas mais frequentes quando fotografámos a este nível de relações de reprodução é a inevitável trepidação provocada pelo funcionamento do espelho da câmara. Claro que todas as fotos são captadas, quando se utiliza este tipo de equipamento, com este levantado mas o seu accionamento, embora não influência a foto acabada de captar, influência a próxima. Isto é, a trepidação ocorrida, após a tomada da foto, provoca muitas vezes um subtil desfoque do motivo para a próxima captura obrigando a uma constante refocagem. Irritante!!!

Decidi, por isso, "meter mão à obra" e "construir" uma plataforma específica para este tipo de fotografia.
A ideia não é completamente original, pois já vi algumas soluções parecidas, mesmo assim, há alguns pormenores que tem de ser pensados antes de iniciar...


O material necessário para a construção é pouco:
  • 1 tábua de madeira pesada. (No caso, foi utilizada uma tábua de madeira de Faia, com as dimensões de 53x31cm e com 4cm de espessura);
  • 1 pequena porção de borracha de 1,5mm de espessura;
  • 1 parafuso com rosca de 1/4" (tamanho estandardizado para o suporte das SLR , pela sua base, em tripés) com comprimento suficiente para vazar a espessura da tábua e apertar a placa de posicionamento (carril de macro-focagem);
  • 1 anilha metálica do diâmetro do parafuso (para que este não aperte directamente sobre a madeira);
  • 4 pés de borracha para colocar na base da plataforma de modo a eliminar mais eficazmente as vibrações;
  • 1 chave de aperto
Após ter feito um prévio desenho era chegada a hora de o por em prática!
Os materiais estavam todos comprados... à excepção da tábua. Inicialmente tinha pensado utilizar uma daquelas tábuas próprias para partir alimentos, que vulgarmente usámos nas nossas cozinhas, mas rapidamente abandonei a ideia por serem pouco espessas e pesadas. Um dos factores que contribui para a eliminação das vibrações é o peso, por isso, nada como "arranjar" uma mais grossa.

Por incrível que possa parecer este componente (tábua) não foi o mais difícil de conseguir. Em qualquer pequena carpintaria não faltam restos de tábuas deste género. Desde "sobras" da construção de degraus para habitações até outros quaisquer "restos"...
E foi, precisamente, numa carpintaria onde procurei e "arranjei" a tábua que pretendia para a construção da base. Uma tábua de Faia, com dimensões muito próximas das medidas que tinha idealizado (somente com mais 1 cm de largura e 3 de comprimento), estava encostada num canto... Foi logo escolhida e assim "poupado" o trabalho de cortar a tábua!

Depois, já que lá estava e conhecia o carpinteiro porque não aproveitar toda a maquinaria existente e em pouco tempo, com as ideias e medições que lhe ia dando, acabar a "obra"?

Primeiro passo: A passagem da tábua pela Tupia uma vez que a madeira estava cortada em "bruto". Seguiu-se o normal trabalho de fresagem da madeira. Foram ainda feitos dois rebaixamentos (entalhes) na madeira (um pouco diferentes do desenho original): O primeiro, com cerca de 5mm, com o intuito de encastrar a base duma placa de macro-focagem "Fotomate LP-01". Este entalhe serve para evitar que a base do carril se mova. Desta forma, mesmo que só presa por um parafuso na sua parte central, este "encastre" na madeira impede que a placa rode.
O outro rebaixamento, de mais 3 ou 4mm fez-se, em forma oval, para facilitar o acesso aos botões que controlam o deslocamento da placa/carril.
Entre esta e a base de madeira coloquei uma pequena borracha (de 1,5mm) cobrindo toda a extensão da base da placa "Fotomate" de modo a tornar a união entre alumínio e madeira mais homogénea e, por outro lado, para ajudar a reduzir vibrações.

Pouco mais foi feito...o restante pode ser visto nas imagens.

A parte mais difícil, acreditem, foi conseguir comprar o parafuso para aperto da placa à tábua!
A rosca existente na base da placa de macro-focagem tem a tradicional medida de passo de 1/4". Ora, segundo me foi dito em várias lojas, actualmente os "passos" do parafusos são milimétricos e não em polegadas... Ao fim duma visita a três ou quatro drogarias lá consegui finalmente comprar um parafuso que deve ter custado, em gasolina, para aí umas cem vezes o seu real custo... aí uns 7 ou 8 cêntimos!
Enfim, sem ele é que nada feito e não me apetecia repensar numa outra solução para a montagem do sistema que havia idealizado...



Sinceramente fiquei muito satisfeito com a estabilidade que se consegue com esta base.
Não posso deixar de aconselhar, a quem faça macrofotografia com relações de reprodução  de 2:1 ou superiores, a entreter-se com um pouco de bricolage a fazer uma destas bases.
Caso não tenha sido suficientemente explícito quanto ao processo de construção ou subsistam dúvidas em relação a algum pormenor podem contactar-me.

Custo total: Vinte e poucos euros!
Utilidade:  5 estrelas! Só mesmo experimentando se sente a diferença... e que diferença!!!

5 comentários:

luis cesar paiva disse...

Jose, boa tarde, sou eu novamente.Comprei um carril de macrofotogarfia semelhante ao seu e agora preciso de uma cabeça de tripé (ballhead da manfrotto?)e um bom tripé, mas me perco um pouco nos modelos...gostaria de uma sugestão sua, principalmente para a cabeça de tripé.Faço macro com uma D300 e nikkor 105mm com flash R1C1.Obrigado. um abraço

José Loureiro disse...

Olá Luís,
Quanto às “cabeças de tripés”, pessoalmente, as que acho serem mais práticas e versáteis para fotografia e natureza (incluindo a macrofotografia) são as chamadas de cabeças de rótula.
Acerca deste assunto pode ver este artigo aqui.
Dependendo do conjunto (câmara + objectiva) que se vai usar podem escolher-se vários modelos. Contudo, no caso concreto (para o equipamento que indicou) penso que deverá evitar escolher os modelos mais pequenos.
Em relação ao tripé, as gamas Manfrotto 190 ou 055 são, quanto a mim, as gamas com melhor relação preço/qualidade. Duma e doutra gama, existem vários modelos que, além da questão do preço, variam consoante o tipo de utilização e peso máximo de suportam.
Uma boa ajuda para a escolha dum conjunto tripé/cabeça é usar o configurador da própria Manfrotto conforme pode ver aqui.

mgrl disse...

olá josé tenho uma nikon D 7000 aos poucos tou investindo em material, gosto muito de macro sobretudo o espontaneo mais que em estúdio essencialmente o k me aparece pela frente (bichinhos, flores etc )tenho alguns euros para gastar( menos de mil eh)e queria uma boa macro. tem a Nikon Micro-Nikkor AF-S 105mm f/2.8G ED-IF VR,e tem a amron AF 90mm f/2.8 Di SP AF/MF 1:1 Macro e tem outras obviamente. a pergunta é: valerá a pena a enorme diferença de preço? o VR da nikon fará a diferença? terei mais opçoes noutras lentes ? se tivesse 800 euros ( mas n fosse rico eh) qual seria a sua escolha?
obrigado desde já pelo seu otimo blog e pela dica se puder

José Loureiro disse...

“mgrl”
A Tamron AF 90mm é uma objectiva de custo acessível (para objectiva Macro…) e pouco tem mudado desde a sua primeira versão. Quer isto dizer que é uma boa objectiva…
No entanto, para fotografar “vida selvagem”, designadamente “bichinhos”, se não necessitar de relações de reprodução superiores a 1:1, o sistema de reduções de vibração da Nikkor, quanto a mim, fará alguma diferença!
Um dos problemas da Macrofotografia reside na dificuldade de estabilização do conjunto câmara/objectiva e se o pretende fazer de modo “espontâneo” (entendo que sem ter “carregar” com muito equipamento e sem usar tripé…) o sistema VR dará uma boa ajuda.
Quanto à melhor opção para “gastar” os € 800,00 (ou um valor inferior…) só você próprio poderá decidir…
Todavia, posso dar uma pequena ajuda para aqueles que têm o “bichinho” da fotografia… Acaba por fazer mais sentido investir inicialmente mais dinheiro numa boa objectiva que numa boa câmara. Se comprarmos uma boa objectiva, raramente a vamos trocar e esse investimento acaba por ser diluído no tempo…

mgrl disse...

olá josé, obrigado pela dica custou mas lá fiz a encomenda eh estou em pulgas para a experimentar um muito obrigado pelo seu blog uma maravilha